Ziel Karapotó e Olinda Tupinambá, Chamar o rio. Crédito Luciana Ourique

Perambular d’arte pernambucano

A convite da Art.Pe, Feira de Arte Contemporânea de Pernambuco, estivemos em Recife, para descobrir um pouco das vibrações da “Veneza brasileira”

POR MATTEO BERGAMINI

Dizem os recifenses que do encontro dos rios Capibaribe e Beberibe criou-se o oceano Atlântico: uma lenda divertida definindo o por que a terra de Ariano Suassuna e do frevo, do manguebeat e dos caranguejos com cérebro, da moça bonita da Praia de Boa Viagem, da literatura do cordel e do cinema de Kleber Mendonça Filho, é tão rica em sugestões e imaginação.

É aqui que a equipe do arquiteto Diogo Viana, com a ajuda de um grupo de profissionais da arte e da cultura da cidade, teve a visão da Art.Pe, aliás, a Feira de Arte Contemporânea de Pernambuco, cuja quarta edição (de 8 a 12 de outubro) marcou com toda certeza a virada da própria em “institucional”, tanto no Brasil quanto além das fronteiras.

Galerias nacionais e internacionais, vindas do Rio, São Paulo, Nova Iorque e Lisboa, chegaram a Recife encostando-se a espaços jovens e independentes de todo o país: Nuvem, Comadre, Paramar, Selo Coletivo, entre tantos, ao lado de realidades globais a participarem do evento pela primeira vez, tal como Nara Roesler – sedes em SP, RJ e NY, e Continua – cujas galerias espalhadas pelo mundo vão da Itália, onde a galeria foi criada na década de 1990, a Xangai, passando por Cuba, Les Moulins e São Paulo.

No entanto, da capital e do estado de Pernambuco, alinharam-se todas: Marco Zero (do grupo Almeida & Dale), cuja sede encontra-se em Recife mesmo, as históricas Garrido, Amparo 60 e Christal, a recém-nascida Boi, de Caruaru, Numero e Cecí, Avenida, entre as demais. E ainda: Arrecife e Refresco, do Rio; Aura, Luis Maluf, Oma, Mitre, Base, Lume, Tato, de São Paulo; Cave e Sculpt, de Fortaleza, e a portuguesa Verso, oferecendo um panorama completo e extremamente rico a respeito da produção local, nacional e além-mar.

Mas, como todas as feiras, também a de Recife configura-se como um gatilho para vivenciar o que a cidade proporciona aos amantes da arte e, nesse caso específico, estamos diante de um dos maiores berços culturais do Brasil. Impossível, por isso tudo, não tentar um relato mais expansivo, que vai até a área da Mata Sul, no interior, atravessando todos os bairros da metrópole.

Uma das figuras mais icônicas desse território é a artista Iza do Amparo: com um percurso nas artes visuais de longo de mais de 50 anos, foi recentemente homenageada pela galeria Número – espaço exclusivamente dedicado às obras realizadas em múltiplos, onde teve uma exposição focada na sua série “Sistema X”, realizada na década de 1980. Nela, o símbolo da X torna-se tanto “escritura” gráfica quanto textura, em composições que articulam rigor geométrico e vibração cromática.

ArtPE 2025 – Numero Galeria. Foto Danilo Galvão.

Mas, a propósito de múltiplos, a firma Rush Praia – em colaboração com a mesma Art.Pe e a própria Iza, lançou uma coleção em edição limitada homenageando o Sistema X, resultando em mais um estande de peças únicas dentro do recém-inaugurado Recife Expo Center, na área da Marina.

Falando em galerias da cidade, durante os dias da Art.Pe, a Marco Zero abriu a individual do artista Bruno Vilela, “As estrelas descem à Terra”: uma imersão cosmogônica – através de 16 trabalhos inéditos, entre pinturas e desenhos, dedicada à Amazônia. Paisagens, pessoas, animais, vegetações e lendas da floresta e do rio, além do vídeo “O Ano da Serpente”, juntam-se naquela que o próprio artista define como uma mitologia pessoal: a exposição – onde os tons vivos e vibrantes das telas emergem de um ambiente quase escuro, nasceu como resultado de uma vivência-residência de 20 dias em uma comunidade ribeirinha às margens do Rio Negro.

A propósito de cursos de água, “Chamar o Rio” é o título da nova exposição – curada por Paula Borghi, na Galeria Christal, no bairro de Pina. Aqui, sob o grande chapéu da riqueza natural, do questionamento das explorações e do cuidado ancestral, descobrimos os trabalhos de 16 artistas latino-americanos, vindos de Argentina, Chile, Colômbia, Cuba, El Salvador, Porto Rico, Venezuela e do mesmo Brasil, entre os quais há Ziel Karapotó e Olinda Tupinambá, Guillermo Rodríguez e Sophia Pinheiro, J.Pavel Herrera e Edinson Quiñones. Um percurso para refletir sobre a urgência de proteger os rios, a poucas semana do começo da COP30.

Um florilégio de obras – principalmente pinturas, escolhidas pela capacidade de pôr em luz um percurso conectado aos circuitos do Inferno de Dante, conforme a pesquisa da curadora Rita Venus – atuante também na Oficina Francisco Brennand, é a escolha da Galeria Garrido juntamente com a Amparo 60, durante essa temporada. “Inferno – Canticus”, expõe obras aparentemente distoantes, de João Camara a Fefa Lins, de José Patrício a Alex Flemming, de Luiz Barroso a Ana Neves, torcendo – como escreve a curadora, noções do sagrado e do litúrgico, partindo de uma grande referência à literatura de Dante Alighieri, por obras “suspensas, na derradeira tentativa de evocar o sublime”.

É o que acontece também na mesma Oficina Brennand, lugar imprescindível de se visitar em Recife, onde a nova montagem do acervo do incrível escultor (até setembro de 2026) é, por sua vez, um percurso dedicado ao tema do “Saturnino” nas figuras e no imaginário do ceramista pernambucano.

Uma imersão por inquietações e maravilhas, cujo título é propriamente “Núcleo Saturno”: “Um espaço onde se reúnem as obras dedicadas à genealogia desse Deus pagão da mitologia grega antiga, extremamente presente na poética de Brennand que, por meio das narrativas clássicas do Ocidente, mirava o céu e as potências divinas para construir o seu universo cerâmico na Terra”, relata a curadora.

Além das figuras “saturninas” que levaram esse apelido até ao mesmo Francisco Brennand – durante a última fase da sua carreira afastando-se cada vez mais do mundo, a mostra retoma o uso dos tapetes cerâmicos do artista, criando uma expografia que vive em torno da ideia de elipse: a forma, além de definir o movimento das órbitas dos corpos celestes, é, também, a evocação da forma primordial da origem dos seres e dos mundos, o ovo, coração da obra do artista e da sua Oficina.

Inquietação e sublime também vivem na imagética do jovem artista Ramonn Vieitez, cujo ateliê no bairro de Estância é repleto de representações de um dos maiores ícones do mistério da natureza, venerado e temido pela sua força, beleza e anarquia: o vulcão. Ramonn aproxima essas “figuras” tendo como referências os antigos estudos naturalísticos de tradição inglesa, já permeados – hoje podemos afirmá-lo, de uma imaginação que muito amaram os surrealistas. Além disso, o artista hoje em dia insere a maioria da própria produção pictórica dentro de estruturas a compor pequenos altares, edículas votivas, investigando também processos artesanais de marcenaria e lataria.

Eis que a natureza retoma o seu lugar no reino do sagrado, parte de uma devoção ancestral a mais um Deus pagão da mitologia grega: Hefesto. Também chamado de Vulcano, na mitologia romana, o Rei do fogo materializado em montanha lembra também a reverência que a religião ortodoxa tem pelas imagens anicônicas, intrinsecamente ligadas a uma interpretação teológica específica da natureza do Divino.

Mais um Mestre que de Recife lançou a própria arte mundo afora, mas que nunca abandonou a própria cidade, é o mítico Paulo Bruscky, artista que parece ter saído de um romance de Bukowski, cujo “escritório” é a mesa do boteco do Leleu, no mercado da Boa Vista, mais um marco bem popular da capital de Pernambuco.

Enfeitado por uma desordem artística que permeia todos os ambientes, o ateliê de Paulo Bruscky é um acervo de vida, a essência de uma pesquisa contínua e dissacrante, política e irônica, que continua desde a década de 1960, transferido inteiramente de Recife ao pavilhão da Bienal de São Paulo, em 2004. Na verdade, a aventurosa jornada de Bruscky já está nos livros de história da arte, mas o pioneiro do Movimento Internacional de Arte Postal no Brasil, que manteve relações com inúmeros artistas, poetas, escritores de cada lugar do mundo, criando um arquivo sem precedentes que sempre mexeu com o lado obscuro do poder – ainda é um livro aberto de episódios, anedotas e, mais do que isso, de um olhar incansável sobre a existência.

Muito pelo contrário, o lugar de trabalho de José Patrício – artista representado há muitos anos pela Nara Roesler, é exatamente oposto ao de Bruscky: enquanto o Mestre de Boa Vista é dionisíaco, a ordem de José Patrício configura-se como extremamente apolínea, metódica.

Por uma soberba ars combinatoria José Patrício parece sublimar o legado de Alighiero Boetti, artista italiano cuja interação com os sistemas lógico-matemáticos criou, principalmente nas décadas de 1970 e 1980, uma das produções mais originais do mundo ocidental.

Botões, pequenas chapas, dominós, interligam-se no conjunto de obras do artista recifense de uma forma leve e estupefaciente, harmonizando as possibilidades empíricas da geometria, relembrando as experimentações cromáticas de Joseph Albers mesmo utilizando como próprio material os “miúdos” do mundo industrial.

No centro da cidade fica também o ateliê dos jovens Fernando Portela (escultor) e Ana Neves (pintora). Representada pela Amparo 60, definir-se-ia a pintura da Ana como uma encruzilhada de elementos figurativos e gestuais, oferecendo à sua produção uma sombra de leve mistério, uma curiosa identidade fantasmagórica.

Obcecado pela figura do cão, principalmente pelo de guarda, Fernando cria com a cerâmica esculturas-gárgulas cujas queimas (às quais adiciona os elementos mais originais, de sal a cebola) evidenciam as possibilidades mais vivas desse material ancestral e que, infelizmente, ainda hoje, parece estar sutilmente confinado a uma ideia de arte quase “naïf”. As caras dos cães do Fernando, pretos e “acarrancados” – como as figuras das proas dos barcos do Rio São Francisco, parecem seguir a mesma linha existencial das figuras apotropaicas da antiguidade, imagens-escudos espirituais que possuíam a capacidade de afastar as influências malignas, o azar e os espíritos nocivos.

Em Olinda, encontramos Juliana Notari, tornada-se universalmente reconhecida por uma das intervenções na paisagem mais discutidas, aplaudidas e criticadas dos últimos anos: “Diva”, ou seja, a ferida (por muitos chamada de vagina) criada em uma área isolada do Parque da Usina de Arte, criado pelo casal de colecionadores Bruna e Ricardo Pessôa de Queiroz e localizado no município de Água Preta, Mata Sul, no interior do estado.

Juliana Notari, Diva, 2020. Intervenção na paisagem, na Usina de Arte (em Água Preta, Pernambuco, Brasil). Concreto armado, resina e pigmento. Dimensões 33 x 16 x 6 m.

Durante a Art.Pe houve o lançamento do livro de Juliana, “Diva: Os primeiros trinta dias”, publicação criada para guardar o corpo de notícias que saiu a respeito da obra, terminada em plena época Bolsonaro e durante os primeiros meses de pandemia, em dezembro de 2020. Trinta dias de debates, brigas, parabenizações pela coragem e xingamentos de cada tipo – até dos “detratores progressistas” que o professor Cayo Honrato menciona no texto de apresentação do livro, chamaram à atenção de Juliana, recolhendo as mais significativas em um trabalho que, também, expande-se como um conjunto de “sintomas do tempo”. Isto é, além da história daquela que para a artista é uma grande escultura feita à mão, uma obra de Land Art no sentido pleno do termo, o livro torna-se um documento social que remarca como a polarização devida aos conteúdos instantâneos publicados nas redes sociais tomou conta e influenciou – no bem e no mal, a opinião pública.

Mas a visita à Usina de Arte, aberta em 2015, não deixa de ser edificante também pela descoberta de outras obras fora de padrões convencionais e perfeitamente em diálogo com o ambiente. Por exemplo, no cume do morro mais alto do Parque, Marina Abramović colocou a sua “Generator”, durante uma abertura que por sua vez tornou-se histórica: mais de 1300 pessoas chegaram à Usina Santa Terezinha, no começo de fevereiro do ano passado. A viagem merece também pelos trabalhos de artistas como Matheus Rocha Pitta, Carlos Garaicoa, Vanderlei Lopes e do próprio Ricardo Pessôa de Queiroz, entre os outros em permanência, aos quais juntaram-se há pouco os de André Komatsu e Rodrigo Sassi, dentro da incrível estrutura da antiga Usina de produção de álcool. No Parque é presente também uma arquitetura reproduzindo o átrio da Casa Grande da Usina de Arte, obra do artista Marcelo Silveira, cujo ateliê no centro histórico de Recife se parece com uma gravura de Escher. Nos quatro andares, descobrimos parte do universo do artista, que tem também um outro ateliê, dedicado ao trabalho braçal de escultura – especialmente em madeira, em Gravatá, no interior do estado. Questionando categorias pré-estabelecidas, desafiando e tensionando a identidade “certa” que se quer remeter as categorias da escultura, instalação e colecionismo, Silveira trabalha no eixo de uma pesquisa onde os objetos se tornam materiais carregados de mistérios, criaturas amenas mas com um toque insondável, vindas de outros mundos pelas quais percebemos uma familiaridade e, contemporaneamente, um afastamento.

A propósito de madeira, pouco distante do Recife Antigo há o espaço de FOGO Design, ateliê-marcenaria compartilhado pela dupla composta por Ramsés Marçal e Andréa Tom.

Representado pela Amparo 60, Ramsés realiza ótimas peças de design artesanal, completamente feitas à mão com matérias do Nordeste, além de “paisagens” nordestinas – em quadros e em objetos, como garrafas de cachaça, onde a areia colorida é o material principal da pesquisa. Um universo que remete mesmo a uma imagética que tem tudo a ver com as tradições e os saberes que abraçam as matérias-primas da região.

Andrea, por sua vez, dedica-se à prática de colagens, realizando complexas pinturas escultóricas que já tiveram uma exemplar mudança de formato: a partir delas, em 2025, Andréa foi a artista selecionada para criar a identidade visual do Carnaval de Recife, junta ao fotógrafo Chico Barros. “Carnaval do Recife. É gente” foi o título que a dupla escolheu como horizonte de criação, adicionando as imagens do Chico a homenagear os brincantes e os fazedores de cultura às intervenções gráficas da própria Andréa, cujas referências exploram as formas de flora e fauna principalmente nordestinas.

Essas flores, folhas e pássaros, expandidas em “lanternas urbanas”, foram espalhadas em vários lugares do Recife Antigo e do centro da cidade, enfeitando também a Ponte de Ferro – a mais antiga da cidade, pela qual concluímos o nosso perambular no MAMAM, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, na surpreendente exposição “Tudo Dá”, de Lia Letícia.

Construído na metade do século XIX, o palacete se tornou clube das festas da elite recifense na década de 1930, transformando-se em seguida no International Clube de Recife, até fechar para ser reformado em 1979 e abrir, dois anos depois, como Galeria Metropolitana de Arte, hospedando artistas e fotógrafos como Montez Magno, João Câmara ao lado de outras figuras mais conectadas às artes ditas populares, como Mestre Vitalino. A galeria levou o nome de Aloísio Magalhães (1927-1982) após o falecimento do designer, diretor do IPHAN a partir de 1979 e Secretário da Cultura no Ministério da Cultura e Educação, em 1981, criador tanto das cédulas do Cruzeiro novo, em 1966, quanto das curiosas cartemas, tipo de composição visual modular realizada a partir da colagem de postais idênticos, cujo melhor exemplo pode ser observado mesmo no salão de ingresso do MAMAM.

Mas voltamos a “Tudo Dá”. Natural do Rio Grande do Sul, mas radicada em Recife há mais de trinta anos, Lia Letícia nunca trabalhou com galerias e essa é a sua primeira individual em Pernambuco, sob a curadoria de Clarissa Diniz.

Cerca de 30 obras, divididas em 4 núcleos, retratam – através de uma exemplar expografia, a trajetória da artista, composta por várias linguagens, e carregada de ironia e ativismo para questionar disparidades sociais, questões coloniais e, mais do que tudo, a própria arte como instituição, quer de poder, quer de observância às regras de um sistema que remete – paradoxal, mas não, ao mesmo modus operandi colonial. 

“Para Lia, a arte é parte dos conflitos e construções da cultura e, como tal, deve ser pensada, criticada e tensionada por práticas culturais que se situam à margem do coração de sua hegemonia econômica, política e simbólica”, relata Clarissa Diniz.

Entre as outras obras, destaca-se o vídeo “Caminhada contra a ideia de progresso” (2007), onde a artista é filmada andando de costas pelos ícones de Brasília, do Palácio do Planalto à Catedral Metropolitana, de vez em quando sendo dificultada na sua caminhada por uns guardas: uma ação extremamente simples e, simultaneamente, perturbadora em relação às lógicas de poder: uma investigação sobre o que poderíamos definir como o conceito de “normalidade”.

Vale a pena destacar também a grande parede-letreiro “Arte é comércio”, onde a mesma artista convidou profissionais das “inscrições comerciais” para replicar uns logos de atividades mais variadas que levam em si a palavra “arte”.

Um questionamento sobre o status e a identidade do que é reconhecido como “arte”, em uma pesquisa vinda do dia a dia da artista, já empregada como garçonete enquanto, em paralelo, procurava formas de viver da própria poética — um desafio permanente de quem busca a própria autonomia a custo de ficar à margem.

Além de atuar também no ateliê de Iza do Amparo e nas ações do coletivo Molusco Lama, Lia Letícia seguiu, como escreve Diniz, “Hackeando e reinventando concepções elitistas de arte que, como velhas fortalezas, ainda hoje erigem muros que inocuamente tentam conter sua vocação ao múltiplo, ao outro ou ao avesso de si”.

Uma exposição perfeita corroborada por uma visão visceralmente cristalina a respeito dos paradigmas tortos e perigosos do poder, que tem o seu encerramento ideal com o fortíssimo curta “Per Capita”, cujas referências vão ao romance “O Reino de Amanhã”, do escritor inglês J.G. Ballard e ao filme “Crash” de David Cronenberg, por sua vez transposto pelo homônimo romance de Ballard. Em uma rua deserta, a vandalização de um carro econômico por três playboys é vivida – no seu pior pesadelo em preto e branco, por uma mulher da classe média, até o surgimento de um desdobramento psicológico: o medo da violência acorda simultaneamente o lado prazeroso e inconfessável do terror. Pela última vez, para fecharmos essas linhas, o conceito do “sublime” voltando, repelente e encantador.

Matteo Bergamini é jornalista e crítico de arte.
Trabalha com as revistas italianas ArtsLife e Il Giornale dell’Arte,
e também 
colabora com a portuguesa Umbigo Magazine.

CONFIRA ABAIXO GALERIA DE IMAGENS


As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião da Dasartes.
Compartilhar:

Confira outras matérias

ALTO FALANTE

A Bienal – arte e responsabilidade

Por Fabrício Reiner
A 36ª Bienal de São Paulo – nem todo viandante anda estradas – aposta por uma experiência que …

ALTO FALANTE

Leiko Ikemura e Philipp von Matt: Presenças Convergentes nas Bienais de São Paulo

POR TEREZA DE ARRUDA
Neste segundo semestre de 2025, São Paulo torna-se palco de significativos encontros entre arte e arquitetura com …

ALTO FALANTE

Pintura e poesia

POR ARTUR DE VARGAS GIORGI
João Cabral de Melo Neto, um dos maiores poetas brasileiros, foi um grande admirador das artes …

Notícias da França

Gabriela Melzer, Delírios Solares

POR MARC POTTIER
“Vejo essa exposição como um desdobramento natural do que tenho explorado nos últimos tempos, mas com uma energia …

Notícias da França

DENISE MILAN. RESPIRAÇÃO DA TERRA

POR MARC POTTIER
A respiração da Terra, melhor ainda o universo, e seus mitos, o ‘quando matéria e consciência eram unas’, …

ITINERÂNCIA Dasartes

Verde-sotaques, afetos e memórias: a segunda Bienal das Amazônias

POR MATTEO BERGAMINI
Não era tarefa óbvia imaginar uma segunda edição da Bienal das Amazônias que conseguisse alcançar o mesmo nível, …

ALTO FALANTE

Paixões de morte e de vida

POR ARTUR DE VARGAS GIORGI
A arte de Nuno Ramos parece tender para baixo. Em suas obras, quase sempre há elementos …

Notícias da França

DANIELA BUSARELLO, 12,4%

POR MARC POTTIER
Com uma energia rara e um olhar que engloba a diversidade da humanidade do passado e do presente, …

ALTO FALANTE

Voltar às raízes: arte contemporânea brasileira em Portugal

POR ARTUR DE VARGAS GIORGI
Ao relacionar um panorama da arte contemporânea brasileira exposta recentemente em Portugal, fico tentado a afirmar …

ALTO FALANTE

A Realidade Brasileira

Por Fabrício Reiner
A recente escalada de tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, exemplificada pela imposição de tarifas comerciais unilaterais, …

Notícias da França

Rizza e seu Gesto Paramétrico

POR MARC POTTIER
Ao acessar o site de Rizza, as cartas são imediatamente lançadas sobre a mesa. Esta escultora autodidata, em …

ITINERÂNCIA Dasartes

Extremofilia da arte: a 12ª Bienal SACO

POR MATTEO BERGAMINI
Essa itinerância DASartes é alheia. Alheia e talvez inacabada, como o são todas as grandes viagens, permanecendo nos …

ALTO FALANTE

Corpo de Imagem

Por Fabrício Reiner
 
“De um corpo real, que estava lá, partiram radiações que vêm me atingir, a mim, que estou aqui; …

ALTO FALANTE

Maria Bonomi: arte pública como a arte do encontro

Por Fabrício Reiner
 
O que me interessa é o lado didático, a demonstração da arte como cultura e não como objeto …

ALTO FALANTE

Uma prótese do olhar: a arte de Eugène Atget

POR ARTUR DE VARGAS GIORGI
Diz-se que Eugène Atget (1857-1927), hoje considerado um dos maiores fotógrafos modernos, não se via, de …