Tadaskia, Sé Galeria - Setor Arte em Campo

ArPA

Tem um ditado que diz: “curiosity kills the cat”.
Então, antes que eu morresse de curiosidade, resolvi partir para uma conversa direta com a Camilla Barella, idealizadora da nova feira de São Paulo – ArPa

POR SYLVIA CAROLINNE

Acabei de conversar com a Camilla e, fugindo ao formato proposto a seguir nas colunas, de acompanhar ao vivo os eventos escritos, transcrevo a nossa entrevista, para melhor entender o que envolve o processo entre pensar e realizar uma feira de arte, neste caso a ArPa. Mas regras existem para serem quebradas, certo?

Camilla Barella. Crédito_ Silvana Garzaro

Em 2020, no início da pandemia, a ideia da feira foi sendo formatada através da parceria entre a Viva Projects, empresa da Camilla, e a Allegra Pacaembu, concessionária do estádio. A Allegra trouxe suporte jurídico, financeiro e administrativo, deixando Camilla livre para pensar no principal: curadorias, galerias e parcerias. Foram muitas as trocas com galerias e associações, como ABACT, para desenhar o projeto.

Com as restrições de pandemia, a ocupação cultural pensada para acontecer antes do início das obras de recuperação do estádio passou a ser a 1ª edição do Arte Em Campo, e trouxe uma prévia do que viria a ser a feira. Assim veio o público cruzado: quem nunca foi a uma feira de arte e foi pelo futebol / quem nunca foi a um estádio e foi pela exposição. Todos adoraram o conceito e a semente da feira estava lançada. Vale conferir que o nome – ArPa – veio exatamente pela vontade de trazer um conceito mais amplo do que somente uma feira de arte.

Camilla Barella e Waldick Jatobá. Crédito_ Silvana Garzaro

O projeto para o Pacaembu, construído nos anos 40, é resgatar os pilares iniciais, definidos ao princípio como um espaço de cultura, lazer e esporte. A ideia da feira como parte deste resgate criou corpo, e a pandemia ajudou, dando o tempo de maturação necessário para chegar ao formato que será apresentado a partir do dia 1º de junho deste ano.

Com vários núcleos, curados por diferentes profissionais, Camilla, que também é consultora de relacionamentos da feira Frieze desde 2017,  diz que o grande diferencial da ArPa, além do local (claro!), é ser uma feira com linguagem acessível, em tamanho acolhedor e baseada em projetos especiais. Um lugar com tempo para estabelecer conexões.

Espelho, 2021, Yan Copelli, Projeto Vênus. Crédito_ Ana Pigosso

Serão 4.000m2 a serem ocupados por 2 feiras, com entrada a R$50,00, num pavilhão temporário. A 2ª edição do Arte em Campo continuará gratuita e estará aberta ao mesmo período que as feiras.

Completando, uma pequena história: quando Camilla já tinha fechado o mapa da feira quando foi acessada por duas galerias que queriam muito participar. Também ela achou que ambas tinham tudo a ver com o escopo proposto pelo evento. Sem espaço para manobra, o único local possível para mexer, era onde ficaria o restaurante, que acabou sendo instalado num espaço aberto, fora da feira. No final, ganharam todos, galeria, feira e restaurante, que pode aumentar o número de lugares a oferecer.

Curadoras da ArPa. Crédito_ Silvana Garzaro

Quando visitarem a feira, não deixem de pensar em todo o tempo, dedicação e trabalho para que o evento funcione como um relógio, suíço, e possa trazer ao público exatamente o que se propôs lá em 2020, quando o 1º pensamento surgiu.

Boa feira!

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