A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de convidar para a abertura, no dia 8 de novembro de 2025, às 11h, da exposição “Xavier Veilhan – Do Vento”, com obras produzidas pelo artista Xavier Veilhan, um dos expoentes da arte contemporânea na França, a bordo de um barco a vela, em uma viagem da costa francesa, partindo de Concarneau, na Bretanha – no dia 5 de outubro, ao Porto de Santos – tendo chegado no dia 30 de outubro. Comprometido com a defesa do meio ambiente, o artista nascido em 1963 tem empregado em sua produção materiais e processos que minimizam impactos ambientais. Agora, no projeto Transatlantic Studio, ele expande esta ideia também na busca de reduzir o impacto ambiental no transporte internacional de suas obras, levando seu ateliê para um veleiro, movido pela energia dos ventos.
Nesta expedição transatlântica, a bordo do catamarã “We Explore” – modelo Outremer 5X, sustentável, construído com 50% fibra de linho – comandado pelo navegador premiado Roland Jourdain, cofundador da Fondation Explore – Xavier Veilhan criou esculturas em compensado de madeira usando equipamentos de marcenaria sem uso de energia elétrica, concebidos por seu filho Antoine, como a serra de fita a pedal (bandsaw).
“Quero desenvolver esta iniciativa de ateliê flutuante e transporte à vela para algumas das minhas próximas exposições. O objetivo é criar novos imaginários e oferecer uma alternativa às pressões e ao ritmo frenético do mundo da arte: as feiras e exposições internacionais consomem muita energia e priorizam a velocidade”, explica o artista. “O setor precisa se adaptar aos desafios ecológicos, mas se vê limitado para manter sua competitividade. Este projeto é uma experiência, uma tentativa, que tem valor como obra de arte em si mesmo”, complementa.
A intenção de Veilhan foi a de trabalhar como faz em seu estúdio na França. Para isso, Xavier Veilhan levou a bordo mais de 450 quilos de compensado de madeira, e esteve acompanhado de seus assistentes Antoine Veilhan, especializado em marcenaria, e Carmen Panfiloff, assistente de escultura e marcenaria. Roland Jourdain – duas vezes vencedor da Routedu Rhum, a regata transatlântica solitária feita a cada quatro anos entre Saint-Malo, na França, e Guadalupe, no Caribe – teve como capitão-assistente no “We Explore” Denis Juhel.
A expedição, além de artística, também terá um cunho científico. Esteve a bordo Matthias Colin, oceanógrafo, que coletou amostras de plâncton e monitorou o hidrofone, instrumento que permite a gravação de sons subaquáticos. Os dados recolhidos foram enviados via satélite para alimentar bases de dados científicas. A travessia tem a parceria entre a Fondation Explore e o Museu Nacional de História Natural, em Paris.
Em “Do vento”, Xavier Veilhan revisita uma preocupação central em sua prática: a relação entre a segunda e a terceira dimensões. Para o artista, toda escultura começa como uma linha, e é através de sua acumulação e sucessão que o volume emerge. Essa articulação entre o gráfico e o espacial reflete a passagem da imagem para a realidade. Um ritmo linear se desdobra ao longo da exposição: em desenhos de parede, móbiles e esculturas, nas quais camadas de madeira compensada montadas sugerem ao mesmo tempo estrutura e fluidez.
Evocando a linha constante do horizonte e as coordenadas móveis das cartas náuticas que deram origem à exposição, essas formas traduzem a travessia transatlântica de Veilhan em um desenho espacial onde orientação e movimento coexistem.
Em São Paulo, Xavier Veilhan irá mesclar as obras produzidas durante a travessia transatlântica com partes de embuia (Ocotea porosa), madeira do ecossistema típico dos estados da Região Sul do Brasil, principalmente Paraná e Santa Catarina. Ele enviou previamente para uma equipe em São Paulo desenhos das peças em embuia, de modo a finalizar as obras no Brasil, usando madeira local, como é seu procedimento habitual.
“Do Vento” incluirá ainda um vídeo realizado pelo artista durante a travessia transatlântica, “O Filme Fantástico” (“Le Film Fantastique”, 2025), a bordo do Transatlantic Studio. Trata-se de uma viagem sensorial entre a comédia e o horror. Três figuras – um monstro peludo, um homem mascarado e o homem das cordas – flutuam por cenas noturnas onde luz, água e tecido convergem. Imagens projetadas são lançadas sobre a superfície do barco, o plâncton ilumina a água, e os sons naturais da jornada – o mar, as cordas e o navio – estruturam o filme. O filme se desenrola de forma sensorial, revelando a atmosfera da travessia por meio da visão e do som.Imagens projetadas são lançadas na superfície do barco, o plâncton ilumina a água e os sons naturais da viagem, do mar, das cordas e do navio estruturam o filme. Ele se desenrola sensorialmente, revelando a atmosfera da viagem através da visão e do som.
A ideia de Xavier Veilhan é que a exposição na Nara Roesler São Paulo seja a primeira de um novo modelo de criação e transporte de obras pensado pelo artista, incorporando a sustentabilidade e também o processo criativo de uma maneira mais enfática a sua poética. Dessa forma, pretende-se, por meio de futuras parcerias dentro e fora da França, expandir esse formato, trazendo para ele novos arranjos, materiais e debates.
Para Xavier Veilhan, a exposição é uma celebração a tudo que está vivo, uma celebração à natureza.

