Van Gogh Entre Corvos | Teatro Poeirinha

Créditos: Guga Melgar.

 

Colaboradores artísticos há mais de 15 anos, Marcelo Aquino e Ary Coslov estão de volta em mais uma parceria como ator e diretor, respectivamente. Abrindo a temporada de 2024 no Teatro Poeirinha, Van Gogh Entre Corvos é um mergulho na mente do pintor holandês Vincent Van Gogh (1853-1890), a partir de um célebre ensaio do poeta, ator, roteirista e diretor francês Antonin Artaud (1896-1948).

Escrito a quatro mãos por Coslov e Aquino, o texto parte do ensaio “Van Gogh – O suicidado da sociedade”, de Artaud, publicado em 1947. Marcelo vive os conflitos de um ator que já não consegue mais distinguir os limites entre arte e vida, realidade e ficção, loucura e razão. Por meio de uma proposta de encenação que investe fortemente na fisicalidade e na confluência entre diferentes linguagens artísticas – dança, teatro e artes plásticas – a peça propõe uma reflexão sobre nossa incapacidade de lidar com tudo aquilo que não aceitamos ou não compreendemos.

O ensaio “Van Gogh – O suicidado da sociedade” aborda a condição dos que tinham a saúde mental questionada por uma sociedade que o autor considerava incapaz de fazê-lo, e escancara a política manicomial como invenção de uma comunidade depravada. Artaud fora convidado a escrever sobre aspectos da vida e obra de Van Gogh, por ocasião de uma exposição do artista no Museu de l’Orangerie, em Paris. O autor defende que Van Gogh não era louco e não provocou a própria morte, mas foi levado a ela pela incompreensão de todos. O próprio Artaud foi diagnosticado como louco, internado em manicômios franceses e submetido a tratamentos de eletrochoque.

“O texto é como um lamento contra a cultura estabelecida, tendo a obra e a vida de Van Gogh, que Artaud considerava um gênio, como mola propulsora para agressões à psiquiatria, aos tratamentos impostos àqueles que eram considerados alienados e, em consequência disso, eram estrangulados e mesmo aniquilados sem que sua genialidade fosse aceita ou compreendida, como Van Gogh e o próprio Artaud”, diz Coslov.

Para a realização do espetáculo, Aquino destaca a longeva colaboração artística com Coslov “Esta peça é um desdobramento da minha parceria de mais de 15 anos com o Ary. É um diálogo entre dois artistas que se interessam um pelo outro e estão querendo falar sobre temas do seu tempo. O Ary é um diretor conhecido por uma profunda relação com o texto e a palavra, e aqui temos um encontro com um ator que está pensando o espetáculo a partir do corpo”, conta Aquino.

Pós-graduado em dança pela Angel Vianna Escola e Faculdade de Dança e atualmente mestrando em dança, Marcelo Aquino conta que o espetáculo surge de sua pesquisa entre dança e teatro. “Sugeri ao Ary, um diretor muito associado a montagens clássicas, uma proposta corporal a partir do texto. Da minha parte, existe uma inquietação, uma busca por pesquisa de linguagem”. Para construir esse trabalho de corpo em cena, eles convidaram bailarina e coreógrafa AnaVitória, que assina a direção de movimento.

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