Vai na Fe | Museu de Arte Sacra de São Paulo

Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS / SP, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, em parceria com Metrô | Companhia do Metropolitano de São Paulo, abre no próximo sábado, 26 de novembro, a mostra coletiva Vai na Fé, com os artistas Andrey Koens, Heitor Ramalho, Jocarla, Massuelen Cristina, Matheus Chiaratti e Pablo Vieira, que exibem 8 trabalhos em conexão com algumas obras do acervo. Os trabalhos dos artistas em início de carreira – instalações, vídeo e esculturas – desenvolvem, cada um à sua maneira, modos de representação e temas encontrados nos presépios.  A curadoria está sob a tutela do trio Daisy Estrá, Lucas Goulart e Thaís Rivitti (os dois últimos vinculados ao espaço independente de arte Ateliê397). A ideia central da curadoria, ao trazer a fé em seu sentido mais cotidiano, é permitir novas leituras de obras do acervo, em conexão com o pensamento de uma geração de artistas jovens e atuantes na cena artística hoje. Vai na Fé fica em cartaz até 8 de janeiro de 2023.

O conceito da mostra nasce da opção por criar possíveis diálogos entre uma representação da Natividade (presépio) e questões atuais presentes na arte contemporânea. A escolha dos curadores recai sobre o conjunto conhecido como Presépio Napolitano, em exposição nas dependências do MAS/SP para dar início à jornada pensada. “Trata-se de um grande diorama que apresenta, além da cena da natividade, a paisagem urbana numa imensa riqueza de detalhes: a arquitetura, interiores de ambientes domésticos e comerciais, e diversas cenas do  cotidiano, dando a ver a ocupação e circulação naquela cidade por diferentes personagens e estratos sociais’, explicam os curadores. O “Presépio Napolitano”, com 1620 peças do século XVIII, o terceiro maior do mundo em exibição permanente, é doação do empresário e mecenas Ciccillo Matarazzo. As cenas retratadas propiciam uma verdadeira viagem no tempo e no espaço. Além da tradicional representação da natividade de Jesus de Nazaré, as peças simulam diversos profissionais urbanos (ferreiro, sapateiro, barbeiro, verdureiro, entre tantos), pastores, homens do campo, além de objetos, utensílios e móveis, com expografia própria e cenário que preenche área de 110 m².

A proposição sugere que se inicie a visita por esse conjunto de peças que está representado nos demais trabalhos. “Alguns deles atualizam a discussão da paisagem para além de sua forma representativa mais tradicional. Outras propõem cenas, narrativas e diálogos em consonância com as urgências do presente”, explica o trio de curadores. “Vai na Fé” foi pensada para ser visitada em trânsito: o Presépio Napolitano, a Sala MAS/Metro – Estação Tiradentes, o estacionamento e o Jardim do Claustro do MAS/SP.

Com visão contemporânea e artistas, em sua maioria, recém-chegados à cena cultural, as representações contidas em “Vai na Fé” tem como foco primeiro a relação entre a vida cotidiana e religiosidade. Segundo dos curadores, na Sala MAS/Metro – Estação Tiradentes, Pablo Vieira cria, à maneira dos presépios, cenas urbanas trazendo um pouco das histórias dos arredores da região da Luz. Já, Andrey Koens, reflete sobre êxodo, migração e diásporas a partir do trajeto percorrido por José e Maria antes do nascimento de Jesus. Enquanto isso, Massuelen Cristina mostra a vida de uma senhora que vive na cidade histórica mineira de Sabará, cercada pelo passado colonial, pela paisagem cortada pelo Rio da Velhas, e por uma série de rituais religiosos incorporados em seu cotidiano.

Ao chegar à área de estacionamento da sede do MAS/SP, Heitor Ramalho apresenta sua Catedral: um carro popular que emite, de hora em hora, o som de um sino. Uma catedral móvel, que carrega, em seus quilômetros rodados, uma memória do espaço urbano e marca um tempo socialmente partilhado. Adentrando-se no prédio de 242 anos de construção, no jardim central – Jardim do Claustro – Jocarla traz o tema da maternidade em diálogo direto com os trabalhos do acervo do MAS/SP como Santana Mestre, Nossa Senhora do Leite e Nossa Senhora do Ó e Matheus Chiaratti apresenta objetos em cerâmica que partem da iconografia católica, refletindo sobre sua simbologia, significação e endereçamento.

 

“Ao mostrar desdobramentos contemporâneos a partir desta significativa obra – Presépio Napolitano -, pretende-se que o público retorne a ela, em visitas futuras, com um repertório amplo de questões a serem consideradas. Assim, acreditamos que a exposição cumpre um objetivo central para a curadoria, qual seja, qualificar a relação do público com a arte”.  Daisy Estrá, Lucas Goulart e Thaís Rivitti

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