VAGALUMES 21

O que seres humanos e vaga-lumes têm em comum? Essa indagação inspira, tanto no sentido literal da bioluminescência quanto em seu aspecto metafórico, a temática que orienta a publicação fine art bilíngue VAGALUMES 21, a ser lançada no dia 12 de dezembro às 18h, na praia do Leblon. A iniciativa é de Pedro Seve Borges, com curadoria do editor e artista carioca Sergio Mauricio Manon e curadoria adjunta da antropóloga e pesquisadora Ana Amado.

VAGALUMES 21 reúne trabalhos de 21 artistas visuais de diferentes gerações e regiões do país, conectadas à ideia de forças poéticas que resistem à escuridão. Cerca de 80 criações de nomes como Antonio Bokel, Flavia Junqueira, Jaider Esbell (1979-2021), Pedro Varela, Rodolpho Parigi e Walmor Correa integram a publicação em grande formato, com 184 páginas, compondo um recorte da produção artística contemporânea das últimas duas décadas no país.

O projeto editorial resgata a metáfora central do texto clássico do filósofo francês Georges Didi-Huberman, Sobrevivência dos vaga-lumes, que marcou o pensamento crítico no campo das artes, representando uma guinada na história recente da arte contemporânea. Em seu trabalho, o ensaísta francês atravessa vários campos de pensamento em diálogo com a produção de artistas e filósofos como o italiano Giorgio Agamben e o alemão Walter Benjamin. 

Mas é a partir do ensaio O vazio do poder na Itália, também conhecido como “artigo dos vaga-lumes”, escrito em 1975 por Pier Paolo Pasolini, que Didi-Huberman defende a sobrevivência da experiência e da imagem, em contraponto ao grande cineasta italiano.

A visão apocalíptica de Pasolini de que “não existem mais seres humanos” (em um contexto histórico marcado pelo autoritarismo), e a de Agamben, que afirma que o homem contemporâneo está “desprovido de sua experiência”, constituem um dos eixos da discussão estabelecida por Didi-Huberman. O filósofo francês insiste na reformulação simbólica positiva dos vaga-lumes, fundada na ideia da sobrevivência da imagem como aparição rara e resistente ao domínio da cultura espetacular.

“Na construção do conceito que orienta a VAGALUMES21, levamos em conta algumas dessas reflexões. Entendemos que a metáfora do vaga-lume se atualiza ao representar as forças poéticas que brilham, sobrevivem e, sobretudo, resistem ao obscurantismo dominante nesses dias”, reflete Manon, que assinou o projeto editorial e gráfico da Santa Art Magazine, publicação especializada em artes visuais, criada em 2008 e premiada em 2013 com o Benny Awards de melhor revista de arte do mundo.

De acordo com Sergio, ao longo da pesquisa curatorial, descobertas surpreendentes somaram-se à poética da nova publicação: “Um estudo realizado por três universidades japonesas, em 2009, comprovou o fenômeno da bioluminescência humana. O corpo humano brilha! Nossos corpos podem irradiar luz porque produzem radicais livres que reagem à gordura do organismo e emitem fótons (partículas de luz)”, comenta o artista e curador.

No dia do lançamento, grande parte dos artistas estará presente para assinar os exemplares.

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