Após abertura no MAR, no Rio de Janeiro, e temporada no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), em Salvador, a exposição Um Defeito de Cor chega ao Sesc Pinheiros.
Com curadoria compartilhada entre a autora Ana Maria Gonçalves – criadora do livro homônimo -, Marcelo Campos e Amanda Bonan, a mostra contará com 372 peças entre arte têxtil, fotografias, instalações, cartazes, pinturas e esculturas de autoria de artistas do Brasil, da África e das Américas, fazendo alusão ao período do Brasil Império (1822-1889) para discutir os contextos sociais, culturais, econômicos e políticos do século 19 e seus desdobramentos em elementos contemporâneos.
A exposição foi idealizada e concebida pelo Museu de Arte do Rio (MAR), em parceria institucional com a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), e agora sendo realizada pelo Sesc SP.
“Um Defeito de Cor” proporciona uma reflexão profunda sobre a diáspora africana, destacando as experiências dos africanos escravizados e seus descendentes no Brasil e explorando como essas experiências moldaram a sociedade brasileira contemporânea. Combinada de elementos históricos com expressões artísticas contemporâneas para abordar as questões da escravidão e suas consequências.
No Sesc Pinheiros, novidades não tidas nas edições anteriores chegam com destaque, incluindo os figurinos e croquis das fantasias do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela. Essas criações, assinadas pelo artista e carnavalesco Antônio Gonzaga, foram inspiradas no livro de Ana Maria para compor o samba-enredo do Carnaval 2024, no Rio de Janeiro.
Além de ser uma experiência artística, “Um Defeito de Cor” também tem um impacto social e educacional significativo, promovendo o diálogo e a conscientização sobre questões de justiça racial e igualdade no Brasil e além.
ABRE ALAS
Assim como o livro “Um Defeito de Cor” é dividido em 10 capítulos, a exposição recria esses núcleos, cada um abordando aspectos específicos da história e da experiência dos personagens, através de uma variedade de elementos, como objetos, tecidos, desenhos, pinturas, esculturas, fotografias, vídeos, áudios e instalações, muitos dos quais são criados por artistas negros e negras, incluindo aqueles de origem africana.
As alas da exposição incluem:
Cosmogonia e Perda Familiar: Explora os processos cíclicos de vida e morte pela ótica da cosmogonia, destacando a perda da família de Kehinde no Benin pré-colonização e seu subsequente envolvimento no tráfico transatlântico.
Brasil Colônia: Reflete sobre o cotidiano de Kehinde no Brasil Colônia, desde seu desembarque na Baía de Todos os Santos até sua jornada por diferentes territórios.
Divisão do Trabalho Escravo: Retrata a divisão do trabalho a que os escravizados foram submetidos em ambientes domésticos, urbanos e rurais.
Resistência e Aquilombamentos: Registra a resistência dos negros escravizados e os planos de liberdade traçados através dos aquilombamentos.
Recusa ao Sistema Escravocrata: Aborda a recusa comunitária ao sistema escravocrata e ao sincretismo religioso praticado no território colonizado.
Revoluções e Revoltas: Explora as revoltas populares contra a colonização europeia durante o período Regencial, como a “Noite das Garrafadas” no Rio de Janeiro, a “Sabinada” na Bahia e a “Balaiada” no Maranhão.
Festas Afro-religiosas: Dedica-se às festas afro-religiosas no Brasil, como o “Presente de Iemanjá” em Salvador.
Espiritualidade e Comércio de Escravos: Aborda intuições espirituais, sonhos e o comércio de crianças escravizadas em São Paulo, além das moradias improvisadas no Rio de Janeiro.
Presença Cultural dos Agudás: Narra a presença cultural dos Agudás, africanos libertos que retornaram ao país de origem.
Tragédia e Reencontro: Finaliza com a tragédia que novamente encontra Kehinde, incluindo a perda de seus netos e a descoberta de uma carta escrita por ela durante seu retorno ao Brasil.
Cada ala oferece uma visão detalhada e imersiva da história e da vida dos personagens, proporcionando ao público uma compreensão mais profunda das experiências dos africanos e afrodescendentes no Brasil colonial e pós-colonial.