Saúva é a primeira individual do carioca Thiago Molon no Brasil, no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, depois de coletivas em Paris, Madri e Lisboa.
Molon [1990–] nasceu e foi criado no Vidigal, comunidade da zona sul do Rio de Janeiro. É sua vivência na favela que abastece seu repertório visual, ligado ao comércio informal e à natureza de fundo de quintal. A partir destes elementos, o artista tece sua identidade estética em imagens, suportes e interpretação de aspectos socioculturais.
Graduado em Design Gráfico pela PUC Rio como bolsista, Thiago Molon se considera autodidata nas artes visuais. Começou aos 13 anos a pintar muros e fachadas no Vidigal, seu grande laboratório, descreve ele.
Saúvas são formigas que cortam folhas em pedaços e as transportam para o formigueiro, onde criam um fungo, que constitui seu alimento principal. Em uma analogia da saúva com sua prática artística, Molon conta que colhe da rua a informação visual que, no ateliê, se transforma em pintura, escultura e instalação, seguindo uma disciplina diária, no modelo do “trabalho de formiguinha.”
Saúva reúne nove pinturas figurativas a óleo. Algumas têm cores fortes, como a vendedora de flores de rua; outras, tons pálidos, como o pé de romã que a mãe plantou e as formigas não deixam vingar, e o tríptico com insetos de jardim de sua casa, que mescla uma paleta vibrante com tons pálidos. Além das telas, as lonas de caminhão suturadas várias vezes e a lona de barraca de feira servem de suporte para pintura e escultura em cerâmica.