Tadáskía encerra a sua residência no Instituto Inclusartiz com o open-studio Lua Coelho Negra. A mostra irá ocupar o segundo pavimento do centro cultural do instituto – destinado a ser um ateliê coletivo – com trabalhos que compõem o seu segundo livro de desenhos e textos poéticos.
A exposição é fruto das pesquisas realizadas durante as residências no Inclusartiz e no Salzburger Kunstverein, na Áustria, onde passou uma temporada de três meses com o apoio do instituto. Por meio de sua prática, que envolve desenho, aparição, fotografia, instalação e têxtil, a artista carioca mobiliza paisagens inventadas e místicas.
“Quando eu cheguei no Salzburger, já sabia que o escopo da residência era bem livre em relação a produção e entrega de trabalhos. De todo modo, no momento em que o avião estava pousando, pela primeira vez na minha vida, eu vi uma quantidade imensa de coelhos pulando no escuro da mata. Foi uma cena que me deixou extremamente comovida”, conta Tadáskía.
A partir desta experiência, desenvolveu a história apresentada em “Lua Coelho Negra”, misturando amor e magia, emergindo da escuridão até o brilho. Divididos entre texto em grafite e desenho em lápis de cor, giz e spray, as laudas se alternam em uma mútua provocação. Os desenhos que integram o livro deixam surgir, aqui e ali, rastros da coelha em seus movimentos irreverentes. Para vê-la, é preciso, antes de tudo, estar disposto a integrar o seu jogo: espirituosa, ela gosta de se esconder por detrás da ranhura do desenho, por dentro da trama do papel, pelos buracos de minhoca que só seus sentidos são capazes de encontrar.
“O segundo livro de desenhos de Tadáskía apresenta o pulo como elemento constitutivo da trama, seja na qualidade do movimento do animal narrado, seja nos deslocamentos realizados ao longo da leitura. Os versos que entremeiam as laudas de desenho narram as peripécias da coelha em sua relação de extrema intimidade com a artista”, comenta Lucas Albuquerque, curador do Programa de Residência Artística e Pesquisa do Instituto Inclusartiz.