No dia 17 de maio, sábado, a partir das 11h, no Instituto Internacional Juarez Machado, em Joinville (SC), estreia a exposição individual “Campo de Forças: Corpo, Linha e Mancha”, do artista visual e performer Smekatz. Ao todo, serão mais de 30 trabalhos expostos, em sua maioria óleo sobre tela, desde pinturas de grandes formatos até obras menores. A curadoria é de Deise Oliveira, educadora e pesquisadora com trajetória dedicada às artes visuais e museologia. “Campo de Forças: Corpo, Linha e Mancha” é um projeto aprovado pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (SIMDEC), da Prefeitura de Joinville.
Este novo projeto expositivo nasceu de um longo diálogo – por vezes, um embate – com a pintura. “Campo de Forças: Corpo, Linha e Mancha” é o testemunho visível de uma investigação que transformou o ateliê do artista em um campo de tensões.
Segundo Smekatz, o corpo não se apresenta como figura, mas como pulsação matérica, uma fisicalidade que oscila entre a emergência e a dissolução. A linha, por sua vez, atua como estrutura de contenção, um ritmo gráfico que tensiona a composição. Já a mancha, elemento primordial, opera como força autônoma, desafiando tanto a forma quanto o gesto que a originou.
Tendo trabalhado predominantemente em óleo sobre tela, em escalas que variam do íntimo ao expansivo, o artista explora a materialidade da tinta em seu tempo próprio: secagem lenta, camadas sobrepostas, correções e acidentes incorporados ao processo. Cada tela tornou-se uma arena onde gesto e matéria travam seu combate particular. “Às vezes, sou eu quem dita as regras; em outras, a tinta se insurge e impõe suas próprias leis, transformando erros em caminhos inesperados”, reflete.
O artista sempre teve a vontade de dar corpo ao instante, explorando as múltiplas maneiras de exercitar o gesto e amplificar sua criação e produção. Smekatz apresenta trabalhos com diversidade de formas, cores e materiais, convidando o visitante a adentrar camadas que realizam um movimento em espiral, símbolo de consistência, pois está sempre em atividade artística. A cada volta, a espiral adiciona, impulsiona a energia que move, rompe a limitação da linha, cresce, sobe, desce, torce, adensa, respira, diminui a curva e acelera quando necessário.
Segundo Deise Oliveira, curadora da exposição, a inquietação no trabalho de Smekatz promove “o estado de presença”. As operações que o artista negocia em suas telas, performances e objetos ancoram a presentificação de seu corpo, impresso na “mecanização do gesto”. “Quando o processo criativo percorre um longo trajeto, tende a se desdobrar em diferentes linguagens, suportes e mídias – promove rupturas, conecta e desconecta, reafirma. Demanda coragem, flexibilidade e firmeza interior. Criar envolve o enfrentamento da provocação de eviscerar o próprio ser”, explica.
Nesse processo, aglutinam-se saberes. Artista da performance, da dança e da moda, a “instrumentalização do gesto” – tão potente na exposição – revela o corpo do artista em sua busca incessante entre “o aqui e o agora” e a manifestação do que escapa. Entrelaça-se o tempo, sempre relacionado ao “eu e você e o campo que instauramos” no momento do contato e após ele, em sua reverberação. Esse campo gera forças, gera a fricção que não repele, mas energiza. E, na relação entre tempo, espaço, corpo e tela, permite que um instante se presentifique e se materialize em linha e mancha.
A exposição “Campo de Forças: Corpo, Linha e Mancha” ficará em cartaz para visitação até 2 de agosto (sábado). No dia 28 de junho, haverá uma visita guiada com o artista e a curadora, às 11h. Já no dia 26 de julho, também às 11h, o artista realizará uma performance homônima à exposição.
“Apresentar ‘Campo de Forças’ no Instituto Internacional Juarez Machado é um momento muito importante na minha trajetória. Esta exposição condensa anos de pesquisa sobre o corpo e o movimento, o traço que respira e a mancha que registra o instante – é uma alegria poder dividir esse processo com o público. Aqui, apresento trabalhos que trazem a personificação do instante e a mecanização do gesto na pintura.”
Smekatz