O simpósio “Cuidado, Arte!” reunirá diversos especialistas para discutir censura e liberdade artística, incluindo a participação da curadora austríaca Katalin Erdödi. O evento integra o projeto regional “O que pode a arte?”, no qual Institutos Goethe no Brasil, Paquistão e Nigéria estão desenvolvendo atividades que tratem do tema.
“Durante muito tempo, a liberdade de pensamento e expressão nos países democráticos foi dada como um consenso geral. Esse consenso parece estar cada vez mais desmoronando. Grupos extremistas de direita e até mesmo partidos no governo em vários países do mundo estão reprimindo artistas, praticando abertamente censura ou privando-os de seus meios financeiros de produção e, portanto, a base de seu sustento. Ao mesmo tempo, se discute no contexto da crítica institucional, decolonial e feminista se a arte realmente pode tudo. Alguns exigem, em nome de grupos desfavorecidos, uma censura de baixo. A reivindicação da arte à autonomia é questionada por vários lados. O que essas mudanças significam para os artistas e para a sociedade? Como lidar com a crescente autocensura?”, declara a diretora do Goethe-Institut Porto Alegre, Marina Ludemann.
A programação do simpósio com a palestra “Panorama da liberdade artística no contexto europeu”, com a curadora, pesquisadora teatral e autora no campo da arte contemporânea e performance Katalin Erdödi. Em 2019, como parte do Festival de Teatro “Impulse” na Alemanha, dirigiu a Academia Impulse sob o título “Arte sob Pressão – Teatro Independente entre Conservadorismo, Políticas de Identidade e Auto-Responsabilidade”, que focou nos desafios atuais da liberdade artística com participantes locais e internacionais, entre outros, Henrique Saidel. Eles elaboraram um manifesto, que será discutido na mesa “Contra-estratégias: como reagir às crescentes restrições?”.
Nesta noite também será exibida a mostra de curtas “Cut it Out – Filmes contra a Censura”, na qual realizadores de 20 países produziram curtas de 45 segundos sobre a temática da censura.
Na sexta-feira, a partir das 10h, o simpósio promove três mesas: “Liberdade da arte em tempos de conservadorismo”, com Ana Luiza Azevedo (RS), Laymert Garcia dos Santos (SP), Ulisses Carrilho (RJ) e Sônia Sobral (SP); “A arte pode tudo? Crítica da representação do ponto de vista anti-racista e feminista”, com Valéria Houston (RS) Francisco Mallmann (PR) e Negra Jaque (RS) e “Contra-estratégias: como reagir às crescentes restrições?”, com Henrique Saidel (RS), Ricardo Muniz (SP) e Katalin Erdödi (Austria). Os debates serão mediados pelo jornalista Roger Lerina, o encenador Thiago Pirajira e o também jornalista Newton Silva.
O projeto se desdobra em uma intervenção apresentada no muro do Instituto pelos artistas Klaus Staeck, Rafael Correa e Aline Daka, que segue exposta até 15 de julho. Todas as atividades têm entrada franca, com distribuição de senhas 30 minutos antes de cada atividade mediante a lotação do auditório.