Seminário Histórias da ecologia | MASP

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, no dia 12 de setembro de 2024, o seminário Histórias da ecologia,  o terceiro de uma série de seminários

que visa aquecer o debate e a pesquisa sobre questões da ecologia em conexão com a cultura visual. O evento contextualiza o programa anual de 2025 do MASP, que aborda o tema Histórias da ecologia em sua programação.

Nesta edição, quatro palestrantes de diferentes áreas e perspectivas estabelecem diálogos críticos e criativos entre o meio ambiente e as artes. Ros Gray explora como as práticas artísticas servem para questionar e reconfigurar a noção de ecologia imperial; Chelsea Frazier discute a ética ecológica a partir da perspectiva do feminismo negro; Jerá Guarani apresenta uma visão sobre a ecologia a partir da perspectiva dos Guarani Mbya de São Paulo e farid rakun, membro do coletivo Ruangrupa propõe uma reflexão sobre o campo artístico-cultural enquanto um ecosistema. 

Desde 2022, o MASP realiza uma série de seminários sobre Histórias da ecologia, com o intuito de abrir espaço não apenas para relatos históricos, como também histórias pessoais, contos e narrativas ficcionais. O programa vem incrementar a missão do MASP, um museu diverso, inclusivo e plural, ao evidenciar a noção de histórias que busca ser mais aberta, inacabada e não totalizante, em contraposição ao pensamento de uma única história geral. 

A conferência será online e terá transmissão gratuita por meio do canal do MASP no YouTube, com tradução simultânea em libras, espanhol e inglês. Para receber o certificado de participação, é necessário registrar sua presença na lista que será disponibilizada durante o seminário.

O evento tem organização de André Mesquita, curador, MASP; David Ribeiro, supervisor, MASP; Glaucea Britto, curadora assistente, MASP, e Isabella Rjeille, curadora, MASP. 

PROGRAMAÇÃO

12.09.2024

11H – 11H15 Introdução ANDRÉ MESQUITA, curador, MASP

11H10—13H Sessão de abertura

ROS GRAY

Rewilding após a ecologia imperial

A apresentação leva em conta artistas e coletivos de arte com práticas que podem ser entendidas como exemplos de formas de “desaprender” a ecologia imperial. Dentre eles, destaca-se a crítica e teórica indiana Gayatri Chakravorty Spivak, que chama atenção para a necessidade de se opor ao ecofascismo e aos tipos de “ambientalismo não analisado” que se adequam a sistemas contínuos de violência colonial, agricultura extrativista, homogeneização neoliberal e modelos de preservação “de fortaleza”. Também são citados a artista Åsa Sonjasdotter, o coletivo Landra e a residência de arte/ciência/agricultura Sakiya, que desenvolveram métodos de pesquisa artística envolvendo processos de “desaprender” a ecologia imperialista, a desdomesticação e a pedagogia de rewilding.

Ros Gray é diretora do Programa de Mestrado em Arte e Ecologia e co-diretora do Centre for Art and Ecology na Goldsmiths, Universidade de Londres.

CHELSEA FRAZIER

Visualização das ecologias feministas negras

Ao incluir a cultura visual em sua análise, Chelsea Frazier articula ecologias políticas que vão além das correções apresentadas pelas teorias ocidentais e políticas formais. Para além disso, ela argumenta que os temas relacionados às mulheres negras rompem com os marcos dos estudos ambientais fundamentados pela colonialidade. Essas rupturas permitem que o(s) feminismo(s) negro(s) construa(m) ativamente concepções alternativas de ética ecológica na atualidade e no futuro.

Chelsea Mikael Frazier é uma ecocrítica feminista negra — escreve, pesquisa e leciona na interseção da teoria feminista negra e do pensamento ecológico. Ela também pertence ao corpo docente do Departamento de Literaturas em Inglês da Universidade Cornell.

Mediação: André Mesquita, curador, MASP.

13H—15H Intervalo

15H—16H30 RUANGRUPA

De ruangrupa, GUDSKUL e Lumbung: sobre e além do ekosistem

farid rakun, membro do ruangrupa e do GUDSKUL, compartilha em sua fala a jornada do ekosistem: o atalho que seus coletivos têm usado para se referir às relações em constante expansão, construídas de forma contínua para imaginar os campos artístico-culturais em que atuam. De um grupo de artistas a um coletivo de coletivos; de verem a si mesmos como recursos a serem compartilhados com os outros a desafios nas práticas não competitivas e não extrativistas de ekosistem artístico.

O coletivo RUANGRUPA é uma organização que busca apoiar a ideia de arte no contexto urbano a fim de apresentar observações críticas sobre as questões urbanas contemporâneas da Indonésia.

JERÁ GUARANI

A perspectiva dos Guarani Mbya de São Paulo que não falam português

A partir dessa realidade, Jerá Guarani aborda sobre como os Guarani Mbya veem os não indígenas e o seu modo destrutivo de viver, em relação à vida sem contato com a natureza e a água. Nesse sentido, discorre sobre o quão é profunda a conexão deste povo com os seres da natureza, com as plantas, as sementes, os bichos e seus semelhantes. Um modo de ser e viver tão equilibrado que se tornou difícil de alcançar atualmente pelos próprios Guarani Mbya, que nem mesmo ela consegue mais alcançar.

Jerá Guarani lidera a aldeia Kalipety, na Terra Indígena Tenondé Porã, localizada no extremo sul da cidade de São Paulo. É autora do livro Nós, publicado pela Editora Elefantinha.

Mediação: Isabella Rjeille, curadora, MASP

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