A mostra conta com 36 imagens que retratam o resultado de uma imersão feita pelo fotógrafo Rogério Assis para entender o cotidiano e as relações socioambientais de ribeirinhos do Pará. Assis explica que, “essa participação das pessoas na vida comunitária”, o fez buscar mais informações sobre o cotidiano junto aos ribeirinhos da Comunidade Boa Esperança, localizada na região de Curralinho, na Ilha do Marajó (PA).
Segundo Assis, mais do que uma exposição de fotos, “Idílio” propõe uma reflexão sobre a organização social dessa comunidade extrativista, sua relação com a natureza generosa e em constante perigo e de que forma podemos assimilar e aplicar os efeitos positivos das ações comunitárias e colaborativas.
“As vinte famílias da comunidade Boa Esperança representam um microcosmo da realidade das populações ribeirinhas da região amazônica e, mesmo sendo um dos seus grupos mais característicos ao lado dos indígenas, há poucos registros documentais fotográficos dos seus hábitos e cultura”, revela o fotógrafo.
Com sua economia baseada no extrativismo, Boa Esperança sobrevive do açaí, da mandioca, do camarão e pescados, extraídos sob extremo cuidado ambiental, e mantém as tradições que caracterizam a cultura ribeirinha da região. Organizados com outras comunidades, reestruturaram as políticas produtivas e comerciais, respeitando as características individuais, como também estimularam a melhoria das condições de vida da população local, fato refletido na ausência de evasão escolar e analfabetismo entre os mais jovens e na obtenção de financiamento para reformas e melhorias nas residências. “Para se ter uma ideia da força da associação local, vale destacar que a comunidade não aceitou as condições do programa Minha Casa Minha Vida que oferecia um projeto padrão para os ribeirinhos”, acrescenta Assis.
Para a antropóloga Georgia Quintas que assina, ao lado de Alexandre Belém, a edição, narrativas e expografia da mostra, “fotografias ajudam a
compreender que a dimensão social pode ser vista em seus fluxos de subjetividade e representações. E nesse limiar, entre o dia e a noite profunda sob águas escuras, que a documentação fotográfica-antropológica de Rogério Assis congrega a sinergia entre a vida ribeirinha e a visão poética de se estar dentro dela”.
“A fotografia elegante e precisa de Idílio apresenta-se ora como as coisas são na realidade, ora como são num sonho pleno de delicadezas entre a natureza e o ser humano. Fotografias ajudam a compreender que a dimensão social pode ser vista em seus fluxos de subjetividades e representações”, revela a curadora Georgia Quintas.