Apresenta todas as obras do francês Pierre-Auguste Renoir (1841–1919) pertencentes ao acervo do MASP, sendo 12 pinturas e uma escultura. O conjunto abrange praticamente toda a carreira do artista e foi exposto pela última vez há 23 anos.
Com curadoria de Fernando Oliva, curador, MASP, a seleção abrange praticamente toda a carreira do artista francês. Entre as pinturas está a famosa obra Rosa e azul – As meninas Cahen d’Anvers (1881), que retrata Elisabeth e Alice, filhas do banqueiro Louis Cahen d’Anvers (1837–1922), uma família pertencente à comunidade judaica do século XIX. Alice viveu até os 89 anos e morreu em Nice, em 1965. Já Elisabeth teve um destino trágico. Durante a exposição de obras do MASP realizada na Fondation Pierre Gianadda, em 1987, na Suíça, seu sobrinho Jean de Monbrison escreveu ao museu relatando que Elisabeth fora enviada para Auschwitz durante a Segunda Guerra e morreu a caminho do campo de concentração, aos 69 anos.
O período, conhecido como “obra tardia” de Renoir — influenciado por sua viagem à Itália, em 1881, que possibilitou o contato com mestres renascentistas, como Rafael e Ticiano —, é marcado por pinturas em tons pastéis, sem contornos firmes e sobreposição de cores puras. Essas características podem ser observadas em Banhista enxugando a perna direita (c. 1910) e Banhista enxugando o braço direito (grande nu sentado) (1912). O tema das banhistas, abordado por Renoir desde o início de sua carreira — como na tela A banhista e o cão griffon – Lise à beira do Sena (1870) — tornou-se central em sua produção até sua morte em 1917.
Além das pinturas, a exposição apresenta Vênus vitoriosa (Venus Victrix) (1916), escultura produzida no período em que o artista sofria de artrite reumatoide severa. Por conta das limitações impostas pela doença, a obra foi criada com o auxílio do jovem artista Richard Guino (1890–1973). O trabalho dialoga com a pintura O julgamento de Páris, feita por Renoir alguns anos antes, inspirada no episódio “Pomo da discórdia”, da mitologia grega.
As obras de Renoir foram adquiridas pelo museu durante o chamado período das grandes aquisições quando, entre o final da década de 1940 e início dos anos 1950, Pietro Maria Bardi (1900–1990), diretor-fundador do MASP, incorporou ao acervo trabalhos de artistas do cânone europeu, em sua maioria italianos e franceses, o que resultou no mais importante acervo de arte europeia do hemisfério sul. A coleção de Renoir constitui o maior número de trabalhos de um único artista dentre as pinturas europeias do acervo da instituição.