Raquel Nava | Referência Galeria de Arte

Na Referência Galeria de Arte, a partir de 23 de novembro, Raquel Nava apresenta “Contaminada: polímeros canibais”. Com texto de André Torres, Com pinturas, instalações e fotografia, a artista visual mostra sua mais recente produção que transita entre o biológico e o sintéticoRaquel Nava investiga o ciclo da matéria orgânica e inorgânica, o natural e o artificial. A diversidade de sua produção está nos experimentos com técnicas e materiais. Em seus trabalhos, sejam pinturas, instalações ou fotografias, Raquel usa a taxidermia e os restos biológicos de animais justapostos a materiais industrializados. Esta é a primeira vez que a artista utiliza essa técnica na pintura. “Na fotografia já havia usado taxidermia e crânios de bichos justapostos a materiais industrializados”.

Por mais de uma década, Raquel frequentou o laboratório de Ciências Biológicas e o Museu de Anatomia da Universidade de Brasília, onde aprendeu a taxidermizar animais mortos. “Não associo a taxidermia a morte de forma tão direta como grande parte do público costuma fazer. Um frango assado ou um bife, também é um bicho morto no nosso prato. Um misto quente tb tem bicho morto. Um presunto, um defunto.”, diz.

Entre os trabalhos desenvolvidos para a exposição, uma instalação faz referência à sua pesquisa com o presunto, uma peça em silicone tingido de rosa mediante o uso de corante a base de cochonilha, insetos considerados pragas para as lavouras. “A peça de presunto enquanto objeto de pesquisa, como uma escultura social, que pode indicar formas de consumo e estéticas na maneira de apresentar a morte”, completa a artista. 

Muitos dos trabalhos feitos sobre telas antigas expressam o caráter processual das investigações da artista que, mais do que respostas, propõem questionamentos sobre o fazer pictórico, levando o público a duvidar da natureza daquilo que se apresenta diante de seus olhos. Nava também apresenta duas instalações inéditas, uma da série Apresuntados, na qual a forma de presuntos repete-se com diferentes superfícies cromáticas, e a segunda composta por uma capivara taxidermizada.

Segundo o crítico André Torres, responsável pelo texto que acompanha a exposição, os trabalhos de Raquel Nava são motores do estranhamento. Qualquer traço de familiaridade encontrado neles é mais da ordem da projeção, do que do reconhecimento, denunciando o nosso desejo de rastrear, categorizar, mapear e classificar as formas. A materialidade pungente de seus trabalhos se sobrepõe à forma, levando-nos a vagar entre o fascínio e a abjeção, reafirmando, por fim, o interesse radical da artista pela experimentação.

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