Protagonismo: memória, orgulho e identidade | Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab)

Yhuri Cruz, Anastácia Livre

Em novembro de 2021, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o secretário de Cultura Marcus Faustini, inauguraram o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab). Vizinho ao Cais do Valongo, na Gamboa, o espaço é um dos dos 15 pontos de memória que compõem a Pequena África, na Região Portuária, e fica localizado no Centro Cultural José Bonifácio.

O Museu foi criado em 2017, via decreto, mas nunca tinha sido aberto para o público. À época, o Muhcab foi idealizado para ser um braço do centro de interpretação que ainda será criado para catalogar o acervo arqueológico encontrado naquela região. Foi definido como um museu de tipologia híbrida: museu de território, museu a céu aberto, museu de responsabilidade social e museu histórico, situado na Pequena África, região com papel fundamental no resgate, na preservação e revitalização da memória afro-brasileira e que tem como marco zero o Cais do Valongo.

No equipamento, o público tem a chance de conferir algumas das obras do acervo, que guarda aproximadamente 2,5 mil itens, entre pinturas, esculturas e fotografias, além de trabalhos de artistas plásticos contemporâneos, que dialogam com o espaço. Por ser um museu de território, as edificações e os elementos urbanos também são catalogados como acervo territorial.

Duas telas do acervo são destaque na exposição “Protagonismo: memória, orgulho e identidade”, que marca a retomada: “Árvore Calcinada”, de Nelson Sargento; “Sambistas”, de Heitor dos Prazeres, e uma criada especialmente para o novo espaço expositivo (sem título), de Artedeft, artista que utiliza pintura e colagem digital para expor a realidade urbana e periférica.

– O museu tem muitas obras que, a partir de agora, vão passar por um tratamento de maior cuidado e carinho. Além da visitação do acervo, as pessoas vão poder fazer oficinas de teatro e percussão. É emocionante e uma alegria enorme reabrir esse espaço porque eu frequentei muito essa casa nos anos 90, quando ainda era um centro cultural. Esse museu tem muita importância para o movimento negro – contou o diretor-geral do Muhcab, Leandro Santanna.

A VISITAÇÃO

FOTO: Gui Espindola

A visitação começa na entrada, onde tem uma carranca dando as boas-vindas. Na primeira sala, nomeada Conceição Evaristo, um mapa gigantesco na parede mostra as rotas do tráfico de escravos da África para o Brasil. O destaque ali, no entanto, é a instalação “Tecendo raízes”, uma ciranda com tecidos africanos para contar as origens dos povos ancestrais.

Em seguida, na sala Agnaldo Camargo, uma série de plantas com fins de cura, cada uma relacionada a um orixá, além de esculturas em barro dos mesmos orixás, feitas por Carmem Barros.

Na sala Grande Otelo, textos e fotos sobre temas como o mito da democracia racial, ditadura e resistência. O destaque são três telas de Nelson Sargento, o baluarte da Estação Primeira de Mangueira, e também um acervo fotográfico com imagens da atriz Ruth de Souza e do Teatro Experimental do Negro (TEN).

A sala do Educativo leva o nome de Mestre Marçal e terá atividades para crianças e adolescentes. Por último, a sala Abdias do Nascimento traz uma linha do tempo e vídeos com a história do Muhcab e uma obra interativa onde o visitante pisa no território conhecido como Pequena África.

FOTO: Gui Espindola

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