No dia 3 de julho, segunda-feira, na Giuseppe Pizzeria, em Joinville, estreia a exposição: “Miragens…E o grito surdo das ruas”, do artista visual e arquiteto Pedro Holderbaum. A exposição que conta com 20 obras, entre fotografias e colagens sobre canvas, fica aberta para visitação até o início do mês de outubro.
Além de já ter apresentado seis exposições inéditas, indo para sétima, Pedro também já participou de quatro coletivas e também levou para outros espaços e cidades, exposições suas, já consolidadas.
Segundo o artista, a exposição surgiu através de acontecimentos e coisas que guiaram seus passos, e assim determinaram a linha do projeto, passagens ocorridas em várias cidades tanto no Brasil, como fora dele e em diversas línguas, presentes em diferentes momentos, mas com os mesmos temores e angústias clamados em todos eles.
Os avanços tecnológicos e novas invenções vão aos poucos ocupando os espaços, as áreas de trabalho, e provocando grandes alterações em todos os segmentos da vida, vão deixando o “bicho homem” sozinho e desamparado, no meio de toda uma multidão de seres iguais, atônitos, jogados às calçadas de antigas paisagens urbanas semiabandonadas, suas vozes sussurradas com toques de incompreensão e lamentos desconexos.
Na era das coisas virtuais, lentamente as engrenagens da vida vão sendo aviltadas por lunáticos insanos e, todos nós pagaremos por isto. Alguns destes efeitos coletivos são: aceleração das mudanças climáticas, aumento médio da temperatura mundial, poluição e acréscimo do nível dos oceanos, aumento das incidências e volumes pluviométricos, números crescentes dos fenômenos como: furacões, tornados, ciclones, entre outros, mudanças que estão tornando a existência mais difícil e cada vez mais nefasta. O cenário que se apresenta é de caos, a multidão solitária na terra do vazio.
“MIRAGENS… e o grito surdo das ruas”
A exposição de Holderbaum de pronto remete ao Livro de Provérbios 25:11 – Como maçãs de ouro em salvas de prata assim é a palavra dita em seu tempo.
Constante em sua obra é o uso da colagem digital como recortes de snapshots aqui e ali formando banco de dados pessoais retrabalhados desde sempre nos projetos que tenho acompanhado. Libelo na tradição da Pop Art, diria até brasileira essa exposição remete a Hélio Oiticica na cultura marginal dos anos setenta ao unir imagem e texto, sobrevivem até algumas imagens surreais e alegóricas de seres antropofágicos, entretanto não mais necessidade de metáforas – o texto está ali, contundente, dizendo a que veio.
O que demandava decifrar enigmas se faz presente não como denúncia pessoal, pois as frases foram colhidas pelas ruas, no desconforto de um mundo em dissolução, alienado frente às telinhas dos smartphones na miríade de aplicativos desenvolvidos pela Tecnologia da Informação, para “solucionar” todos os problemas e dúvidas inexistentes.
Questão crucial que perpassa a TI é a apropriação do capital pelo corte de empregos, gerando indivíduos à margem do sistema, macrodecisões contra o individualismo conduzindo à despersonalização num apocalipse anunciado pelo crescimento demográfico desenfreado, falta de metas, de alimento, de tudo.
Nas paredes surgem gritos solitários de seres vagando pelas ruas enquanto se desenvolve o comércio digital, resposta imediata de modo indolor na modal binária sim –não para o meio ambiente, a cultura, os afetos.
Para que? Miragens, do Admirável Mundo Novo…
Walter de Queiroz Guerreiro, Prof.M.A.
Membro da Associação Brasileira e Internacional de Críticos de Arte.