A fauna do Cerrado, do Pantanal e dos Campos Rupestres – biomas característicos de Minas Gerais, do Mato Grosso do Sul e de São Paulo – retratada em imagens fabulosas e enigmáticas. Essa é a proposta de “Quimera”, nova exposição da Casa Fiat de Cultura. Com oito obras do artista visual sul-mato-grossense Paulo Agi, a mostra, por meio da pintura, expande e aprofunda a pesquisa pictórica do artista e incorpora cenas da natureza para construir narrativas que confundem as percepções de ilusão e de realidade.
Paulo Agi apresenta em “Quimera” seis obras em óleo sobre tela e duas em carvão, em pequenos e grandes formatos, que atuam como uma reverberação de questões contemporâneas e refletem sobre o antropoceno e o protagonismo do ambiente nas relações universais. Com cores e enquadramentos inusuais, o artista cria uma atmosfera de tensão, mistério e, por que não, magia. Apesar disso, ele explica que sua relação com a natureza e, principalmente, com a fauna se desenvolveu de forma muito natural. “Meu trabalho é um símbolo das lembranças do que já vi e vivi no Mato Grosso do Sul. São memórias que podem ou não ser fantasiosas”.
Para o crítico de arte e curador Henrique Menezes, que assina o texto curatorial da mostra, as imagens retratadas em “Quimera” são tão sombrias quanto incógnitas. “A pintura de Agi atribui um caráter mítico às cenas retratadas, nas quais cada revelação ocorre no instante exato que antecede a captura: tal como nas expedições científicas, onde câmeras ocultas aguardam o momento decisivo, suas telas operam como um registro em infravermelho – desbravando a noite, alumiando o desconhecido.”
A técnica utilizada nas obras está baseada na subtração da matéria. “Nos trabalhos em carvão, preencho a tela de preto e faço o desenho apagando o fundo com a borracha. Já nas telas em óleo, crio o fundo com uma cor e retiro finas camadas de tinta para construir a luz em cada pintura”, esclarece Agi. Um processo que impressiona no resultado: as pinturas parecem evocar uma presença furtiva, que se esquiva com destreza e se posiciona como um predador à espreita.