Osvaldo Gaia | Referência Galeria de Arte

A Referência Galeria de Arte inaugura a mostra “Gapoiando em águas ribeiras”, do artista visual Osvaldo Gaia, com curadoria de Paulo Vega Jr.  Em sua primeira individual em Brasília, o artista paraense radicado no Rio de Janeiro apresenta obras inéditas em madeira, metal, linha e acetato para abordar a ancestralidade indígena e cabocla dos povos amazônicos, a lida com a água, a floresta, o alimento, o conhecimento passado de pai para filho. No dia da abertura, o artista e o curador realizam uma visita guiada à mostra que ocupará as salas Principal e Acervo. Visitação até 5 de outubro, de segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 10h às 15h.

“Os trabalhos que o artista apresenta na Referência podem ser vistos pela lente da síntese”, afirma o curador. “A produção do artista parte de experiências, objetos e situações reais e de seu contexto de origem para, então, em seu método particular, do insight aos projetos detalhados em seus cadernos de anotações e dos cadernos de anotações à execução de suas obras, resultando no amálgama de elementos de origem intangível e de origem tangível, da imaterialidade e da subjetividade da memória à concretude e fisicalidade da matéria”, continua Paulo Vega Jr.

“Gapoiando” é um termo do caboclo amazônico que se refere ao ato de adentrar no igapó e com as mãos espantar os peixes que se escondem debaixo de mururás, aguapés e vitórias-régias e assim capturá-los com mais facilidade.  A palavra deriva de igapó, que significa “Rio de raízes”. Essa prática é bastante comum na região Amazônica e tem forte influência nas comunidades caboclas ribeirinhas, onde muitos encontram sustento na pesca.

A mostra é composta por três instalações distribuídas pelos dois andares da Referência. “Mariscando no remanso das escamas” é uma instalação de piso, feita com madeira de demolição, chumbo de tarrafa, acetato, linha e manta.  No centro, um círculo simboliza o curral, enquanto na extremidade há uma cortina de chumbo, representando o paradouro de sombra e uma corrente de escamas – camadas que desempenham diversas funções – que protegem e alertam sobre o perigo. “Garateia” é uma instalação de teto, com um tridente de anzóis de madeira de demolição, suspenso por fios e roldanas que sustentam a garateia. Abaixo, uma cúpula de chumbo de tarrafa funciona como uma espécie de armadilha de espera. “Descanso das Chumbadas” é uma instalação de parede, feita de madeira de demolição com chumbadas de chumbo, conectadas por linha em um círculo de madeira, em alusão a um estojo onde os pescadores cuidam de seus apetrechos.

Fazem parte da exposição um conjunto de trinta esculturas e objetos de base e parede que fazem parte desse universo, como Ferroada (madeira e chumbo incrustado, esporão de arraias e ferrões de alguns peixes), Na Luz da Espera (madeira, linha e chumbada, lamparina guia na escuridão da mata), Série Tramas (pranchas de madeiras com adornos e rede de chumbo, tipo rede de pesca, tarrafa) e Tracejado dos Currais (desenhos dos currais feitos com chumbo incrustado na madeira, com silhueta de animais marinhos), entre outros.

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