No princípio era a mulher | Rio de Janeiro

Ao deixar de lado o aspecto religioso e desmistificar a figura de Maria de Nazaré, mãe de Jesus, o espetáculo Em Nome da Mãe aborda a jornada íntima de uma jovem, pobre, não casada – e grávida, tendo por isso sofrido os preconceitos de uma sociedade conservadora, patriarcal e machista. A história milenar, escrita por homens na Bíblia, aqui é contada por sua protagonista antes de se tornar a mãe do filho de Deus. Baseada na obra homônima do premiado autor italiano Erri de Luca, a peça foi concebida para o palco por Suzana Nascimento, que também estrela o monólogo, em sua primeira montagem no Brasil. A direção é de Miwa Yanagizawa.

Inédita no Rio, a peça Em Nome da Mãe estreia em 7 de agosto de 2024 no Teatro Adolpho Bloch para curta temporada até o dia 29 do mesmo mês, com apresentações às quartas e quintas, às 20h.

 

Além do espetáculo, o público poderá desfrutar também da exposição inédita No princípio era a mulher, no foyer do teatro, na qual Suzana apresenta seus poéticos bordados em folhas de árvore, recolhidas pela artista em diferentes cidades, e outros materiais, que ganham novo significado ao dialogar com a temática do espetáculo.

As obras bordadas em folhas de árvore que fazem parte do projeto Botica de Histórias (@boticadehistorias), outra façanha da multiartista Suzana Nascimento. Mineira, radicada no Rio desde 2000, Suzana é filha de uma linhagem de costureiras e bordadeiras que marcaram sua trilha artística, como o público poderá observar na exposição. São cerca de 10 peças artesanais, criadas especialmente para a mostra. Mesclando arte, poesia visual, afeto, memória, ancestralidade e natureza, as obras inéditas dialogam com o universo feminino e ancestral do espetáculo.

O projeto Botica de Histórias começou na pandemia, quando a artista passou uma temporada em Juiz de Fora (MG). Como forma de se conectar com a natureza naquele período conturbado, começou a recolher as folhas que encontrava pelo caminho e estudar como conservá-las para desenvolver esse trabalho poético.

“Eu chamo a folha de ‘filha’ que cai da ‘mãe’ árvore. A folha cumpriu o ciclo dela. Ela se desprende da mãe árvore e retorna à terra para criar novas coisas. Com essa interferência artística, a folha ganha um novo significado, trazendo a bagagem que tinha antes. Enxergo também como uma metáfora das mães e das filhas”, explica a artista.

 

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