Em cartaz na Galeria de Arte BDMG Cultural, a exposição Não sou idêntica a mim mesma: mulheres no acervo do BDMG Cultural apresenta obras de artistas mulheres que expuseram no BDMG Cultural nos últimos cinco anos, em um diálogo com as dezenas de obras dos anos anteriores. A escolha por analisar a coleção por este ângulo revelou o protagonismo feminino presente no acervo desde os primeiros anos. Iniciado em fins da década de 1980, a coleção abriga mais de 270 obras, compondo, assim, um panorama diverso da produção artística contemporânea.
A frase “Não sou idêntica a mim mesma”, da poeta Ana Cristina César em Poema Óbvio, funcionou como guia da curadoria, como um dispositivo para refletir sobre e apresentar a diversidade da produção feminina no Brasil. O objetivo é abordar essa diversidade em termos de materiais, suportes, temas e expressões artísticas, sem realizar uma curadoria restritiva sobre o que se define como arte de mulheres. “O feminino aqui apresentado não existe em essência, é um feminino plural em constante construção, que questiona, inclusive, as fronteiras naturalizadas de feminino e de masculino em nossa sociedade. São artes feitas por mulheres cis, trans, que acionam memórias de brasis plurais das diversas regiões de Minas”, ressalta Rita Lages Rodrigues, curadora da exposição.
Foram selecionadas 51 obras, algumas de autoria de duas ou mais artistas, para integrarem a mostra, entre pinturas, cerâmicas, vídeos, desenhos figurativos e entre outros formatos. Artistas que realizaram suas primeiras exposições individuais na instituição e hoje são relevantes no cenário das artes em todo o Brasil compõem a seleção, como Efe Godoy e Sonia Gomes. Os outros grandes nomes das artes visuais selecionados são: Solange Botelho e Sara Ávila; Luciana Radicchi, Lorena D’Arc, Vânia Barbosa, Emilia Sakurai, Aneli Brandão, Laila Kierulff, Bordadeiras do Curtume, Mulheres da Ponte, Liliza Mendes, Erli Fantini e Lira Marques ; Mariana Fonseca Laterza, Eliane Roedel, Iara Ribeiro, Poliana Nascimento, Isabel Rodrigues, Jade Liz, Márcia Guimarães, Lucimélia Romão e Jéssica Lemos, Yanaki Herrera, Ana Luiza Magalhães, Isabela Prado, Eugênia França, Massuelen Cristina, Efe Godoy e Priscila Rezende, Mônica Sartori, Esther Az, Maria do Carmo Freitas, Duo Passagens Móveis – Maria Vaz e Bárbara Lissa, Clarice G. Lacerda, Maria do Céu Diel, Camila Otto, Cristiani Papini Arantes, Juliana Gontijo e Tatiana Cavinato, Priscila Heeren, Carolina Botura, Sônia Gomes, Virginia Braccini, Lauren Marinho, Ana Maria Braga, Sara Lambranho, Sabrina Azevedo Hemmi, Noemi Assumpção, Rosceli Vita, Edna Moura, Niura Bellavinha e Sara Lana.
A seleção das obras se deu a partir de uma curadoria composta por quatro núcleos. No primeiro núcleo, Arqueologia, homenageiam-se as que vieram antes a partir das obras de duas artistas da geração Guignard, Sara Ávila e Solange Botelho, mulheres artistas que abriram caminho para que outras pudessem trilhar sonhos e existências. As vozes do passado e as possibilidades de futuro se apresentam em formas de femininos plurais.
No núcleo Terra, o foco é na cerâmica, pigmentos e barro. As obras atravessam a arte popular e arte contemporânea, questionando os limites das classificações canônicas na História da Arte. O barro do núcleo Terra se mistura ao núcleo Corpo e corporalidades, a partir de cerâmicas que mostram a terra transformada pela ação humana criativa, não predatória, criando novas formas e expandindo para imagens fotográficas que mostram a paisagem, compreendida em seu sentido humano e natural. Em oposição à ideia de que Minas não há mais, importa mostrar que Minas são muitas. As corporalidades diversas, femininas, masculinas, de crianças, mulheres e homens são expressas no corpo-carne, na terra-corpo, na cidade-corpo.
Por fim, em Múltiplas matérias, múltiplas formas, pinturas, objetos, vídeos e desenhos figurativos e abstratos trazem a forma, a imaginação, o sonho, a existência plural de mulheres no mundo.