Sob curadoria da crítica de arte Ligia Canongia, Mirela Cabral faz sua primeira individual no Rio de Janeiro. Olhos Cheios reúne 20 pinturas inéditas, 17 sobre tela e três sobre papel, datadas de 2020 a 2024.
Mirela se considera autodidata nas artes visuais, embora tenha frequentado programas de arte na Parsons Paris, na Academia de Cinema de Nova York [NYFA] e na Universidade da Califórnia [UCLA]. Paralelamente graduou-se em Comunicação Social, com habilitação em Cinema, pela FAAP [SP].
O conjunto, que ocupa três salas do Paço [Trono, Dossel e Amarela], é de pintura abstrata, mas nem sempre foi assim. No início, Mirela pintava figurativo. “Explodi a figura e ela se tornou paisagem, para ganhar mais pluralidade, mais rítmica e melhor negociação com o espaço”, revela Mirela.
Sua relação com o suporte é original: pinta a mesma tela em várias posições, porque “sempre questiono se o trabalho funciona em todos os sentidos”, diz ela.
Mirela leva para a tela o que está em seu caminho, a observação diária dos cantos, da arquitetura do ateliê, da rua, as experiências cotidianas, a pesquisa. Ela faz marcas com carvão na superfície pictórica “para esvaziar a mente” e se submete ao resíduo da memória, do que ecoa no pensamento, para transferir em imagem.
A curadora Ligia Canongia atesta, no texto inédito sobre a exposição, que “a pluralidade de gestos sucessivos e simultâneos, a diluição das formas e o relacionamento convulsivo das cores fazem dessa pintura uma verdadeira escrita automática, um complexo de planos justapostos, que jamais se estabilizam na superfície e que parecem se mover continuamente ao nosso olhar”.
Mirela Cabral [1992–] nasceu em Salvador, foi criada em São Paulo, onde mora e trabalha. Dedica-se inteiramente às artes visuais. Em 2023, Mirela fez a individual Coisas Primeiras, na Paulo Darzé Galeria, em Salvador, Bahia, e Between Handrails, no Kupfer Project, em Londres, Inglaterra, sob curadoria de Penelope Kupfer. Ainda no ano passado, participou da SP Arte, com a galeria Portas Vilaseca. Com a galeria Kogan Amaro, esteve na SP Arte de 2020, 2021 e 2022, e fez individuais na Kogan Amaro de Zurique, Suíça, e na Kogan Amaro de São Paulo, com curadoria de Agnaldo Farias, ambas em 2021. Entre 2018 e 2020, participou da ArtRio, da Feira Latitude, da Feira Parte, na Galeria Emma Thomas, sob curadoria de Ricardo Resende, entre outras coletivas. A artista tem trabalhos nas coleções do Museu FAMA, Itu, São Paulo, e na Yuan Art Collection, de Lucerna, Suíça. Olhos cheios tem patrocínio de Paulo Darzé Galeria, de Salvador.