Mauricio Kaschel | MACC – Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba

Mauricio Kaschel exibe “Atípico“, no Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba (MACC), sob curadoria de Claudia Lopes, onde apresenta uma proposta sobre a reflexão dos padrões sociais estabelecidos, celebrando a singularidade de cada indivíduo e questionando conceitos de normalidade e anormalidade. O artista desenvolveu uma produção que desafia as convenções estéticas e narrativas tradicionais. Utilizando uma paleta monocromática e o papelão como suporte, suas obras dialogam com a solitude e a introspecção, convidando o público a refletir sobre a inclusão e a diversidade. Suas figuras solitárias, em poses meditativas, expressam a complexidade de sua experiência como indivíduo.

A curadora Claudia Lopes destaca que a exposição “Atípico” é um manifesto visual que questiona as normas sociais e celebra a diferença. Segundo ela, “ao desvendar os mistérios do papelão e da cor, o artista nos convida a olhar além das aparências e a reconhecer a beleza na diversidade humana“. Essa abordagem introspectiva é fundamental para a compreensão do trabalho de Kaschel, que utiliza sua arte como uma ferramenta para explorar sua identidade e o lugar do indivíduo na sociedade. Sua produção é marcada por uma técnica autodidata que alia experimentação a uma meticulosa atenção aos detalhes. Sua escolha pelo suporte rústico e imperfeito reflete seu desejo de criar uma conexão direta com a realidade material e as deficiências existentes na vida cotidiana. Cada corte no papelão simboliza as cicatrizes da existência humana, refletindo sua jornada pessoal e artística.

Atípico” também integra a condição neurodivergente de Kaschel em sua prática artística. Diagnosticado no Espectro Autista nível 1 aos 35 anos, encontrou na arte um meio de expressão que transcende as limitações impostas pelas normas sociais. “Atípico” é, portanto, uma afirmação de sua identidade e não uma celebração da neurodiversidade, abordando temas como autenticidade, autorreflexão e alerta social. A mostra propõe uma reflexão sobre as relações humanas no contexto da arte contemporânea. O trabalho de Kaschel valoriza a autoaceitação, desafiando as normas e expectativas da sociedade. Claudia Lopes observa que, em um mundo que frequentemente busca conformidade, “Atípico“, um grito de liberdade e aceitação, celebrando a pluralidade humana em todas as suas formas, convida o público a um diálogo introspectivo. Nas profundezas do azul, por exemplo, o artista encontra os segredos antigos, os mistérios do universo ecoando nas dobras do material. Cada obra é uma dança entre luz e sombra, um eco das palavras não ditas que reverberam na memória do observador.

Atípico” se posiciona como uma reflexão profunda sobre a arte e a condição humana, explorando suas complexidades e o fazer artístico como meio de expressão individual e coletiva. A exposição oferece ao público uma oportunidade única de se engajar com questões fundamentais sobre a identidade, a diferença e a inclusão, através do olhar sensível e da técnica apurada de Mauricio Kaschel.

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