Mateus Morbeck | Ativa Atelier Livre

Série Nem tudo é mar - Exposição É tudo depois - Artista Mateus Morbeck | FOTO: Gabriela Daltro

Manchas de óleo chegaram ao litoral nordestino, em 2019, contaminando vegetais e animais marinhos e deixando comunidades de pescadores e marisqueiros sem sustento. Em meio à pandemia, em 2020, queimadas destruíram a fauna e a flora da Chapada Diamantina, provocando prejuízos ambientais e econômicos para a região. O artista visual Mateus Morbeck percorreu mais de 50 localidades do estado da Bahia para relatar essas catástrofes ambientais. Fotografou, coletou materiais e produziu trabalhos que unem arte e denúncia. As obras integram sua primeira individual: É tudo depois.

A produção artística de Mateus Morbeck busca estimular a reflexão sobre as consequências das ações humanas. “Meu trabalho acaba orbitando nesta relação entre humanidade e meio ambiente. Busco provocar uma reflexão neste sentido. É uma questão que vai além da ambiental, é uma questão realmente de sobrevivência da nossa espécie”, pontua o artista que possui trabalhos nas coleções do Mediterraneum Collection, em Catânia, na Itália, e do Museu da Fotografia de Fortaleza, no Ceará, e é autor do livro Maré de agosto, publicação que aborda o derramamento de óleo no litoral do Nordeste e que foi editada por meio do Ativa Atelier Livre, com recursos do Prêmio das Artes Jorge Portugal, no âmbito do Programa Aldir Blanc Bahia.

Com curadoria conjunta dos artistas visuais Fábio Gatti e Lanussi Pasquali, a exposição É tudo depois é composta por trabalhos que têm uma relação com eventos locais e tragédias ambientais globais. “A exposição é um franco convite a uma reflexão conjunta sobre os modos de vida; os imperativos de poder e suas reverberações. Quanto futuro o dinheiro pode comprar?”, pergunta Fábio Gatti. “Mateus Morbeck usa a arte como instrumento de crítica com vistas a um desejo de manutenção da vida”, acrescenta Lanussi Pasquali.

A exposição É tudo depois é formada por cinco obras, entre fotografias e instalações com materiais coletados nas regiões das catástrofes ambientais. Três trabalhos foram produzidos a partir das queimadas no Parque Nacional da Chapada Diamantina. A instalação homônima É tudo depois apresenta uma folha carbonizada em um espaço amplo e vazio. Era escuro, depois chão é também uma instalação criada a partir de peças metálicas encontradas nas cinzas. Já Amanhã também foi assim é uma imagem produzida com a sobreposição de camadas de fotografias das áreas destruídas pelas queimadas florestais.

A mostra possui ainda dois trabalhos realizados a partir do derramamento de óleo no litoral nordestino. Nem tudo é mar é uma monotipia produzida a partir da submersão de tecidos nas águas contaminadas com petróleo cru. Meia água é outra monotipia também obtida a partir de submersão nos locais contaminados pelo óleo, mas tendo o papel para aquarela como suporte. “A intenção é sensibilizar as pessoas para uma reflexão e fazer com que o trabalho circule para que as catástrofes não sejam esquecidas”, reforça o artista.

 

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