Marco Paulo Rolla | Galeria Verve

Marco Paulo Rolla, The Sock, 1999

A galeria Verve exibe Abismo Contínuo, exposição individual do artista mineiro Marco Paulo Rolla, com texto crítico de Júlia Rebouças. A mostra inicia o programa de exposições do novo espaço da galeria, reinaugurada no histórico Edifício Louvre, projeto da década de 50 de Artacho Jurado em plena Avenida São Luís, no centro da cidade de São Paulo.

O recorte de obras de Abismo Contínuo apresenta a produção de um artista verdadeiramente multidisciplinar – com trabalhos que datam desde os anos 1990 até os dias atuais, todos inéditos em São Paulo, e que tem como eixo o corpo e suas inúmeras possibilidades. A mostra também conta com obras da série Transmutações, sua série mais recente, em que o artista investiga o limiar entre a abstração e a figuração na pintura. Nas palavras de Júlia Rebouças, que assina o texto crítico da mostra, “o corpo na obra de Marco Paulo Rolla parece atuar como entidade detonadora de processos de transformação ou como meio catalisador de transmutações. Ele é o molde da escultura, além de tema dos trabalhos; o condutor da performance, o motivo da pintura, a razão de desenhos, colagens, estudos. Do ponto de vista conceitual, para o artista o corpo é o agente que media a matéria dos dias e o sopro dos sonhos, que conecta espiritualidade e imanência, que aproxima a subjetividade individual da experiência coletiva”. No conjunto de obras, é possível apreender ainda o olhar do artista sobre o ser humano: “o grande tema da minha obra”, como afirma Marco Paulo Rolla, “um campo diverso e de inúmeras camadas, que aparecem nas construções pictóricas através de velaturas que sugerem véus, que vão pouco a pouco revelando a complexidade do ser humano”, completa. O movimento é uma constante sensação no trabalho do artista, que contrapõe e aproxima cotidiano e absurdo em situações em que corpos e objetos parecem estar sempre no limite entre o flutuar e o quebrar, assim como na própria vida.

A mostra pretende apresentar ao público toda a complexidade da pesquisa deste multifacetado artista, que atua desde a década de 1980 com uma produção cujo fôlego se renova a cada geração. Fortemente identificado com a prática performática, “o que encontra razão no fato de ser um dos mais talentosos e profícuos artistas brasileiros nesse campo.”, como afirma Júlia Rebouças, Marco Paulo Rolla é um artista que vai muito além ao transitar pelas diferentes linguagens artísticas, uma produção em que “o corpo de pinturas, esculturas, desenhos, vídeos, colagens, gravuras mostra um artista que produz gestos contundentes, não constrange experimentações e se movimenta por temas de grande abrangência – trata de relações humanas e institucionalidade, faz confrontar tanatos e eros, fala de desejo e solidão, de natureza e metafísica, sempre a partir de aspectos agudos, da incerteza ou da especulação”, conclui Júlia.

Vista do novo espaço da galeria | FOTO: Rômulo Fialdini

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