Márcio Sampaio | Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas

Irônico, sarcástico, reflexivo e bem-humorado, o trabalho de Márcio Sampaio é também complexo, abarcando vários períodos e linguagens da arte. Suas diversas facetas serão mostradas, a partir de 18 de dezembro, na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas. “Lavra Márcio Sampaio: do todo, uma parte” traça um panorama das mais de seis décadas de carreira do poeta, artista visual e crítico de arte mineiro. A mostra tem curadoria de Marconi Drummond e pode ser visitada, gratuitamente, até 9 de março de 2025.

Dada a longevidade da carreira de Márcio, seu trânsito entre diversos suportes, técnicas e o desejo de “dar conta de uma vida”, nas palavras do artista, a pesquisa para a construção da exposição demandou um profundo envolvimento e mais de um ano de investigação por parte da curadoria. Como na mineração – atividade essencial no estado natal do artista, Minas Gerais, e na cidade onde passou parte da vida, Itabira – o resultado da mostra é, de fato, fruto de um trabalho de lavra, em busca de preciosidades.

“Trouxemos para o Centro Cultural Unimed-BH Minas um expressivo lote de pinturas, desenhos, objetos, poemas e instalações, além de peças gráficas e documentais, associadas à cronologia ilustrada”, conta o curador Marconi Drummond. Para o artista, a produção da exposição se assemelhou ainda ao ato de abrir gavetas: “Nada era proibido, nada ficou trancado. E, neste processo, percebi que, quando se procura uma coisa, se acham outras”, afirma Márcio.

A exposição é composta por peças que integram coleções particulares e de museus. Nela, é possível ver como o repertório artístico de Márcio Sampaio cita aspectos da vida e da cultura brasileira nos anos 1970/90, que oscila entre o lírico e o dramático.

A partir do entendimento de que é impossível reconstruir, em uma galeria, 65 anos de dedicação à cultura e à arte, artista e curador criaram uma exposição panorâmica. Nela, além de desenhos, estudos e pinturas, o espectador tem também a oportunidade de se tornar pesquisador e conhecedor do trabalho de Márcio Sampaio. “A exposição tem um cunho documental muito forte. Queríamos que ela se tornasse um espaço de consulta e de aprofundamento, além de fruição”, detalha Marconi.

Para Márcio Sampaio, há ainda um outro modo de se apreciar a exposição: “Gostaria que as pessoas saíssem da mostra não só reflexivas, mas também alegres. Que elas pudessem interagir, vivenciar, curtir a exposição. Assim, procuramos trazer obras que possibilitem isso, como as instalações imersivas e participativas”, conta.

Os poemas-objetos também merecem destaque na exposição. Para o artista, estas obras foram o “pulo” na sua carreira, a partir da articulação entre texto e imagem. Afinal, seu trabalho passou pelo desenho e pela pintura sem nunca se desligar da curiosidade pela palavra – não só como meio de expressar ideias mas também como meio de se fazer arte.

O espectador vai notar, ainda, que Márcio usa obras de outros pintores para a criação de releituras, colagens e comentários. “Ele é um artista irônico e perspicaz. Márcio realiza uma pesquisa crítica para recontar a nossa história. Ao desenhar e redesenhar obras de Tarsila do Amaral – ou de outros mestres canônicos como Goya, Vermeer, Picasso e Mondrian – ele fricciona as matrizes estrangeiras, artísticas e históricas, que nos foram importadas ou mesmo impostas, fundando comentários únicos para a experiência cultural brasileira”, conta o curador.

Compartilhar: