O que podemos aprender com as plantas? Se pudéssemos ouvi-las, o que elas teriam a nos dizer? Plantas são seres vivos altamente complexos, que desenvolveram saberes e modos de se relacionar através das gerações de vida na terra. Plantas podem nos ensinar maneiras de viver juntes.
“Escuta sensível das plantas” é a primeira exposição individual da artista Lyz Vedra, com curadoria de Lucas Dilacerda. A exposição discute a relação entre a corporeidade travesti da artista e a corporeidade vegetal das plantas. O que há em comum entre essas corporeidades? O que há em comum entre uma planta e uma travesti é que ambas são excluídas da humanidade e são vistas socialmente como um corpo perigoso para a cultura e que, portanto, precisa ser controlado, castrado e eliminado.
O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo, e também é o país que mais mata ambientalistas e que destrói o meio ambiente. A exposição propõe então discutir uma aliança de sobrevivência entre a artista travesti e a vida das plantas. A artista desenvolveu uma prática somática de escuta das plantas a partir da sensorialidade do corpo. As obras discutem os entrelaces poéticos entre a corporeidade travesti da artista e a corporeidade vegetal das plantas, revelando uma relação de intimidade e aprendizagem com os saberes ancestrais do planeta.
As discussões atuais em torno da Emergência Climática ligada às intervenções humanas na biosfera ao longo de séculos de exploração humana, vegetal, animal e mineral, apontam a urgência para discussões sobre futuros possíveis para a continuidade da vida como conhecemos. A pergunta é: quais caminhos, brechas, práticas, ações, experiências ou discursos são capazes de transformar as relações políticas e econômicas, altamente nocivas à toda e qualquer vida que exista?
O equilíbrio conquistado pela terra durante milhões de anos, já está em colapso. Então, imaginar o futuro não é mais o suficiente. Imaginemos futuros, no plural, então? De que modo, a partir de um resgate de elementos que compõem a materialidade da natureza estratificada pelos regimes políticos vigentes nocivas à vida, é possível produzir regimes de sensibilidade que mobilizam a coletividade para efetivar um pensamento crítico?
Diante desse cenário catastrófico, a exposição “Escuta Sensível das Plantas” propõe um diálogo por meio do atravessamento entre corpo, imagem e som, para pensar temas como, sobrevivência, cuidado, ecotransfeminismo, corpo, dança e ancestralidade.