Luciana Ohira e Sergio Bonilha | PINACOTECA DA UFV

A Pinacoteca da UFV apresenta a exposição artística ‘‘Experimento Hauntológico’’ dos artistas Luciana Ohira e Sergio Bonilha.

A proposta é composta por três trabalhos, realizados entre os anos de 2016 e 2023, “Hipótese Volátil”, “Efeito Lichtenberg” e “Objeto Hauntológico”. As obras integram a investigação dos artistas sobre a agência dos espectros, sejam eles fenômenos invisíveis, mídias analógicas, produções culturais marginalizadas ou sistemas políticos falidos.

“Experimento Hauntológico” se apoia nos escritos sobre o realismo capitalista e o conceito de “Hauntology” ou “Assombrologia” apresentados ao longo dos anos 2000 pelo filósofo e teórico cultural britânico Mark Fisher. O autor partia de uma análise sobre o surgimento do ciberespaço e da cultura musical produzida a partir dos anos 2000, a fim de estabelecer relações entre uma frustração intergeracional e coletiva com o sistema do capitalismo tardio e uma certa nostalgia pela corporalidade das mídias. Por meio de suas presenças materiais e caráter portátil, os objetos, vídeos, instalações e estojos reunidos em “Experimento Hauntológico” propõem uma experiência crítica ao presente, invocando dinâmicas e temporalidades paralelas ao ritmo acelerado do regime neoliberal.

“Hipótese Volátil” surge de um encontro dos artistas com registros em vídeo de voos de aeromodelos F1D e se desenvolve como uma investigação sobre os porquês de seu lento e duradouro voo. “Hipótese Volátil” é formado por um exemplar do aeromodelo F1D construído pela dupla e um vídeo que registra o seu voo pelo espaço expositivo onde será exibido, onde o monitor LCD é modificado pelos artistas e posicionado no mesmo ponto em que a câmera filmou a sala, produzindo uma espécie de acontecimento fantasmagórico do aeromodelo voando no espaço vazio.

“Efeito Lichtenberg” pode ser pensado como uma espécie de tradutor visual de fenômenos invisíveis que configuram o espaço. A obra é composta por um conjunto de 16 placas de madeira cujas superfícies são gravadas pela corrente elétrica proveniente de diferentes terminais elétricos, que compõem a galeria e um estojo de madeira que armazena os materiais necessários para o funcionamento do dispositivo. Os padrões gráficos que surgem das eletrogravações nunca são iguais, são desenhos de aparência fractal que ganham forma através de interações entre forças elétricas e condições materiais, podendo variar em um mesmo ambiente.

Já em “Objeto Hauntológico” a dupla de artistas explora, através da dimensão sonora, as relações entre níveis de percepção e materialidade, gravando em um disco de vinil os padrões de suas impressões digitais. A instalação é formada por um toca discos Sony anos 80 e um sistema de alto-falantes subwoofer que destacam os sons graves em sua reprodução, provocando uma sensação predominantemente tátil nos corpos das pessoas que ocupam o espaço da galeria.

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