Lorenzato e Bruno Faria | Galeria Marília Razuk

Homenageando os 120 anos do artista mineiro Lorenzato, as galerias Marília Razuk (São Paulo) e Periscópio (Belo Horizonte) apresentam, em parceria inédita, a exposição  Horizontes: Lorenzato e Bruno Faria. A mostra traz texto da curadora e crítica de arte independente Kiki Mazzucchelli, e traça um diálogo entre dois artistas de gerações distintas, mas que lançam seus olhares sobre um importante gênero da história da arte: a Paisagem. O público poderá visitar a exposição até 28 de fevereiro em um Viewing Room no site da Galeria Marília Razuk (galeriamariliarazuk.viewingrooms.com) ou presencialmente, com horário agendado pelo telefone (11) 96082-3111 e seguindo os protocolos de saúde e higiene para evitar a disseminação e contaminação do Covid-19.

Horizontes enuncia um território entre as duas produções, separadas por quase três décadas, e que renovam e atualizam mais uma vez esse gênero. Lorenzato (1900-1995) representava a realidade cotidiana mineira, utilizava cores essenciais e muitas vezes trabalhava a tinta com um pente de metal, comumente empregado na ornamentação de pintura de parede, técnica que herdou de seu ofício de pintor de construção civil, que exerceu até 1956. Bruno Faria (1981), por sua vez, afasta-se da linguagem tradicional da pintura para uma aproximação conceitual. Na série Lembranças de Paisagem, o artista garimpa em feiras de antiguidade flâmulas/bandeiras produzidas nas décadas de 1960 e 1970, que trazem imagens de paisagens correspondentes ao imaginário de cidades brasileiras. Vistas na época como souvenirs, cartões-postais, ganham a intervenção de Faria por meio da pintura, retirando os textos e deixando apenas a imagem da paisagem de cada cidade.

Ao colocar esses dois artistas em diálogo, a exposição traz ao espectador duas poéticas que, cada uma a sua maneira, mantém o enigma da paisagem que se apaga, mas que também resiste. A parceria entre as Galerias para apresentá-la, reforça novas maneiras de expor e divulgar a produção de Lorenzato e Bruno Faria, sobretudo neste período de isolamento social. Além de reunir virtualmente obras que estão em São Paulo e Belo Horizonte, o Viewing Room, disponibiliza as informações das obras em português e inglês.

SOBRE OS ARTISTAS

Bruno Faria nasceu em Recife (PE), em 1981, vive e trabalha em Belo Horizonte. Mestre em poéticas visuais pela Escola de Belas Artes da UFMG, seus trabalhos partem de investigações relacionadas à contextos específicos, que são apresentados em diferentes mídias como instalação, intervenção, escultura, publicação ou outras mídias. Conceitualmente seu trabalho se relaciona criticamente com questões da cidade, do espaço público, da arquitetura e da paisagem, através de pesquisas históricas em arquivos e outros lugares. Em 2018 apresentou a instalação “Brasilia”, na seção “Solo” da SP Arte e possui obras nos acervos da Pinacoteca de São Paulo e Museu de Arte do Rio – MAR.

Amadeu Luciano Lorenzato (Belo Horizonte MG 1900 – idem 1995) começa a trabalhar como ajudante de pintor em 1910, exercendo o ofício até 1920, quando se muda com a família para Arsiero (Itália), onde trabalha como pintor de paredes na reconstrução da cidade. Em 1925, matricula-se na Reale Accademia delle Arti, em Vicenza. No ano seguinte, muda-se para Roma, onde permanece dois anos em companhia do pintor e cartazista holandês Cornelius Keesman. Muda-se para Paris em 1930, e trabalha na montagem dos pavilhões da Exposição Internacional Colonial. Um ano depois, retorna à Itália onde fica até abril de 1948, data em que volta ao Brasil. Trabalha, em 1949, na montagem dos estandes para a Exposição de Indústria e Comércio, realizada no Hotel Quitandinha, de Petrópolis, depois, muda-se com a família para Belo Horizonte e exerce o ofício de pintor de paredes até 1956. Impedido de continuar na construção civil devido a um acidente, dedica-se integralmente à pintura. Em meados da década de 1960, apresenta alguns trabalhos ao crítico Sérgio Maldonado, que, por sua vez, apresenta-o a Palhano Júnior, organizador da primeira exposição individual de seus trabalhos, realizada em 1967.

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