Livro “Lucas Dupin” | Galeria Lume

Lucas Dupin, artista visual que transita entre diferentes linguagens, se prepara para lançar seu primeiro livro que irá percorrer seus quase 15 anos de carreira, acentuando os diálogos e cruzamentos entre os trabalhos feitos em diferentes contextos. Intitulada A parte pelo todo, a publicação reunirá um recorte de trabalhos produzidos entre 2007 e 2021, passando pela pintura, instalação, fotografia e performance. O livro será realizado com apoio da Galeria Lume e por meio de uma campanha de financiamento coletivo na plataforma Benfeitoria.

Colecionadores, instituições e o público, em geral, podem apoiar a pré-venda do livro por meio de quatro categorias. Na primeira, sob o valor de R$ 50, é possível adquirir a publicação em formato E-book; para quem prefere a obra física, há o livro impresso por R$ 75; ou ainda uma edição especial mais caixa, com impressão dourada e intervenção feita pelo artista, assinada e numerada em uma edição limitada de 150 exemplares, sob o valor de R$ 350. Na última categoria, cujo valor é R$ 2.500, o apoiador ganha a edição especial do livro customizada por Dupin mais caixa e uma obra da série Biblioteca por vir (2019), trabalhos realizados a partir de aquarela, pólvora e douração sobre enciclopédias cortadas, medindo aproximadamente 18 x 25 cm com 3.5 cm de espessura, cada.

Serão impressas mil cópias do livro e todos os apoiadores terão seus nomes na seção de agradecimento da publicação.

De acordo com Dupin, A parte pelo todo é um livro que vem sendo pensado há mais de quatro anos e é um passo importante em sua carreira. “Todo artista deseja ver reunida em um livro seus trabalhos, ainda mais com dois textos inéditos escritos para a ocasião”, comenta.

Para além de uma realização pessoal, o artista observa que esta será uma oportunidade para o público ver um conjunto de obras em diferentes linguagens que lidam com temas comuns a todas, como por exemplo a dimensão temporal e transitória presente no mais simples dos objetos, como uma bituca de cigarro, ou um livro antigo e sem préstimo.

Com projeto gráfico assinado pelo Estúdio Guayabo, o livro será bilíngue (português/inglês) e contará ainda com textos inéditos assinados pelo curador brasileiro Cauê Alves e pela curadora francesa Élise Girardot. O título terá 208 páginas impressas em 4 cores, e uma seção especial de ‘agradecimentos’ foi pensada para acolher o nome de cada apoiador da campanha.

Desde o início de sua trajetória, o artista desenvolve um corpo de trabalhos que tem como objeto central o livro, seja empregando o próprio objeto ou este visto sob o ponto de vista metafórico, como pode ser visto em trabalhos como os da série livro-paisagem, de 2009 ou mais recentes como Biblioteca por vir, de 2019.

“Eu acho que estou sempre trabalhando com materiais que todo mundo têm certa familiaridade: é um pedaço de calçada, um calendário, um livro velho, uma bituca de cigarro, um estalinho de festa junina. Gosto de pensar que essa opção reafirma a dimensão poética presente no cotidiano, e por que não, instigando cada um a pensar a arte como um modo de mirar o mundo”, afirma o artista.

As obras também revelam o modo como Dupin lida com as limitações dadas pelo ambiente e opera a partir de uma economia de recursos, sejam eles limitações de escala, materiais ou orçamento. Dessa forma, o artista desenvolve uma poética que se ancora no cotidiano e na simplicidade, como já observou o curador Júlio Martins.

“Eu destacaria na obra de Lucas Dupin a sua economia de gestos e recursos, sempre potencializando a simplicidade dos meios com que lida, entendendo que cada uma de suas propostas demanda uma reelaboração ampla da linguagem, e assim se dedica e se apropria, a cada trabalho, de maneira singular, das múltiplas possibilidades técnicas, formais e poéticas com que lida, seja nas aquarelas de bitucas de cigarros e estalinhos estourados, seja na produção de jardins suspensos oriundos de calçadas portuguesas, ou de uma biblioteca de livros interferidos com desenhos e marcas feitos em pólvora”, diz o especialista.

“O artista vem por um lado apresentando uma produção bastante diversa e experimental, ao mesmo tempo em que gera desdobramentos a um conjunto de questões que o acompanham desde o início da carreira, que dizem respeito a uma escala menor do olhar, à exploração do livro como objeto e artefato cultural, passando por escrituras que desenrola em contato com determinados contextos e que geram em ações, fotoperformances, coleções”, acrescenta Martins.

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