Leonilson e Das amizades | Pinacoteca do Ceará

No ano marcado pelas três décadas da morte de Leonilson (1957-1993) – pintor, desenhista e escultor cearense que é um dos nomes mais relevantes da arte contemporânea brasileira –, a Pinacoteca do Ceará realiza a exposição “Leonilson: Montanhas protetoras e ao longe, vulcões, rios, furacões, mares, abismos e Das amizades”. O acesso é gratuito e há recursos de acessibilidade disponíveis  no museu, que integra a Rede de Equipamentos e Espaços Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT CE) e é gerido em parceria com o Instituto Mirante.

A exposição reúne, também, trabalhos de Batista Sena, Efímia Meimaridou, Luiz Hermano, Siegbert Franklin, Zé Tarcísio, Marcus Francisco, Karim Aïnouz e Ricardo Bezerra, além de pinturas, desenhos, instalações e bordados de Leonilson, incluindo obras inéditas do artista. Cearenses ou radicados no Ceará, alguns desses artistas conviveram com Leó, como era chamado pelos amigos. Outros mantinham uma interseção artística com ele: ainda que não fossem próximos pessoalmente, o interesse pelo desenho, a pintura e os temas abordados na criação dialogavam com a obra de Leonilson. A curadoria é assinada por Aline Albuquerque e Ricardo Resende.

Composta por um total de 245 obras, a mostra tem a parceria do Projeto Leonilson, instituição cultural responsável pela pesquisa, catalogação e divulgação da obra do artista. Há, ainda, trabalhos de acervos do Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC), do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), da Pinacoteca do Ceará e de coleções particulares.

Contemplando um largo período da produção de Leonilson, com obras que vão da década de 1970 até o ano de sua morte precoce, em 1993, a exposição apresenta 117 obras de Leo – outra forma carinhosa com que era chamado. Entre os destaques, estão desenhos e pinturas inéditas, produzidas no final da década de 1970 e começo dos anos 1980, que retratam a paisagem do Ceará. Em comum, os trabalhos trazem a natureza e seus fenômenos como equivalentes sensíveis das emoções que o artista costumava abordar de forma tão íntima e política.

Nascido em Fortaleza, em 1957, Leonilson mudou-se com a família para São Paulo ainda pequeno, mas sempre vinha à capital cearense para visitar amigos e familiares, que o recebiam num sítio no bairro Maraponga. Nas décadas de 1970 e 1980, Leo vinha com frequência e registrava em diários, agendas e cadernos vestígios de sua passagem e dos afetos que cultivava na cidade natal em desenhos.

Ícone para muitos artistas que se seguiram, Leonilson exerce forte influência sobre as novas gerações, comovendo o público de suas exposições, que o tem como referência. A mostra é dividida em dois núcleos, um com trabalhos de Leonilson e outro com as 137 obras “Das Amizades”, aproximando artistas com linguagens distintas que também trazem em seus traços, pincéis, linhas e sons as centelhas de uma produção viva e conectada às questões do seu tempo, que também era o tempo de Leo e ainda refletem o tempo de hoje.

A expografia, de Gisele de Paula, renova a ideia de uma montagem clássica de pinacoteca no núcleo “Das Amizades”, dispondo as obras quase sobrepostas. O pavilhão expositivo ganha outra atmosfera, ambientada por cores vivas e carregadas como o vermelho encarnado presente nas obras de Leonilson.

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