Leitura de poesias | Anita Schwatz Galeria de Arte

Anita Schwartz Galeria de Arte convida o público para uma leitura de poesias na próxima quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025, às 18h, em diálogo com a exposição Inatividade contemplativa, que segue em cartaz até 22 de março. A ativação reunirá seis poetas cariocas da nova geração, que lerão poemas de autoria própria e de outros autores: Alexandra Maia, Joice Nunes, Laura Liuzzi, Luiza Mussnich, Mariano Marovatto e Stephanie Borges.

Em seu livro “Vita contemplativa: ou sobre a inatividade”, que inspira a mostra curada por Cecília Fortes, Byung-Chul Han reflete sobre a importância da contemplação, do ócio e da pausa. O filósofo sul-coreano critica a sociedade contemporânea, que valoriza o desempenho mecanizado e a hiperatividade, e investiga os benefícios do ócio, projetando um novo modo de vida que inclui momentos contemplativos de reconexão com a natureza.

“Mais para o final do livro, ele cita muito Novalis (pseudônimo de um poeta e filósofo alemão, do final do século XVIII), que falava sobre como a poesia reúne as pessoas em comunidade, em torno do exercício fundamental da escuta. Ele dizia que ‘por meio da poesia surge a simpatia e a coatividade supremas, a mais intima comunidade’. Achei interessante que Chul Han também se refira à poesia como uma espécie de ‘arte da cura’. Para ele, o momento da escuta é um tempo de introjeção e de reconexão com o outro, simultaneamente. É ‘uma grande arte da construção da saúde transcendental’”, observa Cecília. “Surgiu daí a ideia de ativar a exposição Inatividade contemplativa, a partir de poemas, e convidei a Luiza Mussnich para organizar esse encontro”, revela a curadora.

Outro ponto que inspirou o trânsito entre as linguagens da poesia e das artes plásticas foi o trabalho “Só por es-tar” (2009), da artista visual e poeta paulistana Lenora de Barros, que integra a exposição. Na obra, ela retrata um poema inscrito nas solas de seus pés, que remete diretamente à temática da mostra: “Estar em si, só por estar, saltitando sobre as sílabas do silêncio”.

Luiza Mussnich acredita que a poesia não é parte nem da literatura, nem das artes visuais: “Ela é essa criatura limítrofe que flerta com ambos e sabe passear pelos gêneros. Para mim, Lenora de Barros é uma artista/poeta que coloca um pé em cada uma dessas canoas e transita muito bem por esses dois territórios, que talvez se encontrem justamente na paisagem”, afirma.

“E para pensar paisagem, trago uma frase da cineasta francesa Agnès Varda que diz mais ou menos assim: se abríssemos as pessoas, encontraríamos paisagens. A poesia e a paisagem têm uma relação intrínseca, precisam que se preste atenção. Tanto para Simone Weil como para Susan Sontag, atenção é uma forma de generosidade e vitalidade. Frui melhor a paisagem quem presta atenção. Só prestando atenção — no entorno, na paisagem, no que está ao alcance das mãos ou perto do coração — é que se escreve poesia. Porque poesia é olhar as coisas mais demoradamente, é encontrar o sublime no ordinário, na poeira dos dias”, completa Luiza. “Penso que a ideia de conectá-la com inatividade e contemplação foi muito acertada, porque são essas circunstâncias que permitem a escrita”.

POETAS CONVIDADOS:

Alexandra Maia é poeta e produtora. Carioca, formada em jornalismo, tem três livros publicados: Um objeto cortante (Numa Editora, Brasil; Gato Bravo, Portugal; Ediciones Vestígio, Colômbia, 2019), Coração na Boca (Editora 7Letras, 1999) e 100 Anos de Poesia – Um Panorama da Poesia Brasileira no Século XX (com Claufe Rodrigues, O Verso Edições, 2000). Tem poemas e contos publicados como, Tertúlia (Ímã Editorial, 2012), Ver o Verso – em mãos (O Verso Edições, 2000), “Poesia para Pandemia” (Editora Autografia, 2020), organização Paulo Sabino. Para o teatro, escreveu e produziu a peça A menina do dedo torto. É produtora de desenvolvimento de projetos na Matizar Filmes e na Cinema Inflamável.

Joice Nunes é cearense radicada no Rio de Janeiro. Editora de livros e poeta, lançou a plaquete Maersk Alabama (2013), além de poemas em coletâneas como A nossos pés (7Letras, 2017), Uma pausa na luta (Mórula, 2020) e Só quero saber do que pode dar certo: 80 vozes vezes Torquato Neto (Impressões de Minas, 2024).

Laura Liuzzi é poeta, videomaker e vive no Rio de Janeiro. Trabalhou como assistente de direção e pesquisadora do documentarista Eduardo Coutinho nos filmes Um Dia na Vida, As Canções e Últimas Conversas. Publicou Calcanhar (7Letras, 2010), Desalinho (Cosac Naify, 2014), Coisas (Megamini/7Letras, 2016), “El espejo no cuenta secretos” (Ediciones Vestigio, Colômbia, 2020) e “Poema do Desaparecimento” (Círculo de Poemas, 2024).

Luiza Mussnich nasceu no Rio de Janeiro, em 1991. É mestre em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio e autora dos livros de poesia “Todo o resto é muito cedo” (Bazar do Tempo, 2024); “Tudo coisa da nossa cabeça” (7Letras, 2021) e “Lágrimas não caem no espaço” (7Letras, 2018). Tem poemas publicados em diversos suplementos literários como o jornal Rascunho, o site Ruído Manifesto, e o suplemento Pensar do jornal Estado de Minas e colaborou para as revistas Piauí, 451 e Vogue Brasil.

Mariano Marovatto nasceu no Rio de Janeiro em 1982. É escritor e músico. Seu último livro publicado foi o ensaio A Guerra Invisível de Oswald de Andrade (Todavia, 2023).

Stephanie Borges é poeta e tradutora. É autora de Talvez precisemos de um nome para isso (Cepe, 2019), que recebeu o IV Prêmio Cepe Nacional de Literatura, e das plaquetes Made of Dream/ Feito um sonho (Ugly Duclinkg Presse, 2023) e um nome não é uma chave (Janela + Mapalab, 2024). Traduziu obras de Audre Lorde, bell hooks, Claudia Rankine e Margaret Atwood. Publicou ensaios nas revistas Serrote e ZUM. Participou do coletivo curador da Bienal do Livro do Rio de Janeiro 2023 e foi curadora dos paineis literários do pavilhão brasileiro da Feira Internacional do Livro de Bogotá 2024.

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