Laura Erber | O artista improdutivo

Os monumentos públicos e as pixações no espaço urbano, o uso de bandeiras em manifestações de rua e na arte contemporânea e a censura a exposições são alguns dos temas dos treze ensaios reunidos em O artista improdutivo, da escritora e artista visual Laura Erber. A relação entre arte e política se desenvolve não apenas nos textos que investigam tais assuntos mais abrangentes; ao tratar de pintores negros do século 19 e da obra de Rosana Paulino, por exemplo, e ao reconstruir a trajetória intelectual de Mário Pedrosa e da galerista Ileana Sonnabend, a autora tece reflexões que iluminam o fazer da arte e da crítica hoje.

O livro traz artigos e ensaios escritos entre 2015 e 2020, alguns deles publicados em revistas acadêmicas, suplementos culturais e revistas digitais. O ensaio inédito que dá título ao volume trata do lugar do trabalho na sociedade, na arte e no mercado artístico contemporâneo, percorrendo os temas do ócio, do produtivismo e da mercantilização do imaterial.

Laura Erber é escritora, artista visual e professora visitante da Universidade de Copenhague. Publicou Os corpos e os dias (Editora de Cultura, 2008), Ghérasim Luca (EdUERJ, 2012), Esquilos de Pavlov (Alfaguara, 2013), A retornada (Relicário, 2017) e Mesa de inspecção do açúcar e tabaco (não edições, 2018) e, entre outras instituições, realizou exposições na Fundação Miró, em Espanha, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no Skive Ny Kunstmuseum, na Dinamarca. É cofundadora da Zazie Edições. 

“A figura do artista serviu nas últimas décadas para propagar uma ideia positiva de adaptabilidade criativa, de autonomia e de liberdade ao mesmo tempo prometidas e requisitadas ao empreendedor. O empreendedor neoliberal apresenta vários traços facilmente identificáveis com a figura do artista hoje, um sujeito sem classe definida, capaz de se virar criativamente num mundo em decomposição. O precariado-chique esbanja charme. Mas se essa é a imagem comumente projetada do artista contemporâneo, dificilmente ela pode ser tomada como tradução da realidade da grande maioria dos artistas em atividade. Um sintoma disso é a adesão de cada vez mais artistas ao mundo acadêmico, em busca de bolsas de estudo e às vezes de uma carreira na universidade.”

Trecho de “O artista improdutivo”, ensaio inédito.

SOBRE EDITORA  ÂYINÉ

Âyiné foi fundada em 2013, em Veneza, por dois italianos e um brasileiro. Começou com a publicação de uma revista homônima dedicada ao mundo islâmico e depois expandiu ao lançar diversos livros, dando destaque para autores da Europa Central. Com o intuito de inovar o mercado editorial no Brasil, Âyiné prioriza escritores que estão fora do radar das grandes editoras.

Compartilhar: