LASAR SEGALL | CASA MUSEU EVA KLABIN

A Casa Museu Eva Klabin a exposição LASAR SEGALL: OLHARES PARA O FEMININO e apresenta retratos de diferentes mulheres que aparecem em obras do período em que o artista passou a residir no Brasil.   Idealizada pela a Casa Museu Eva Klabin, cuja coleção de arte é considerada um dos mais importantes acervos do país, a mostra busca uma devolução poética: olhar para Segall pelo acervo de uma mulher.

Há muitas maneiras de olhar para a obra de um artista. Para essa exposição, escolhi aquela mais íntima: veio de dentro de casa, da parentela, movida pelos amores e pelos afetos. Voltei-me para a Casa Museu Eva Klabin, pensei a colecionadora que fundou o espaço e seu vínculo familiar e artístico com Segall. Ao partir do acervo de uma mulher, decidi observar como o artista lidou com o feminino. Através da sutileza e da intimidade, pude me aproximar da obra de Lasar Segall, figura gigante, fundamental para a arte moderna brasileira. O processo desmonta o artista enquanto aparição mística, e traz o humano, suas relações, seus conhecidos, sua história. Tudo através da imagem”, afirma Juliana Cunha, curadora da exposição que fica ambientada até dia 09 de julho na Instituição cultural da Lagoa, com entrada franca.

A exposição é dividida em três módulos, Família, Mulheres do Cotidiano e Lucy Citti Ferreira.

A exposição nasce no módulo “Família”. Entre as três obras desse grupo, encontra-se o único trabalho que antecede o eixo temporal da mostra – um retrato de Eva Klabin. Feito a partir de uma fotografia, marca o encontro do artista com a colecionadora que idealizou o museu sede da exposição. As outras duas obras, “Maternidade” e “Mãe e filhos”, trazem seu núcleo familiar mais próximo: a esposa, Jenny Klabin, acompanhada dos filhos. A relação materna foi profundamente explorada pelo artista desde a juventude, e reaparece na exposição em quadros e na escultura “Maternidade”.

O segundo módulo, chamado “Mulheres do cotidiano”, traz figuras femininas das camadas mais populares. A obra “Mãe negra entre casas” evoca novamente a maternidade, agora vivida por uma mulher da periferia. Nesse nicho, encontramos também “Retrato feminino”, obra em que o artista se dedica ao rosto de uma mulher negra, e “Favela I”, onde a moradia popular aparece povoada, mas conta com a presença simbólica de uma mulher no centro da imagem. Ainda nesse grupo, a obra “Casal do mangue” reflete à realidade da prostituição desenvolvida no mangue carioca.

O terceiro módulo, chamado “Lucy Citti Ferreira”, traz três obras em que Segall trabalha o retrato de sua aprendiz e modelo. Lucy é tema de diversas pinturas do artista, encantado com a sua delicadeza.

A exposição traz também “Duas amigas”, a escultura que perpassa toda a exposição. Pelos olhares do artista, as mulheres aparecem enquanto parceiras, unidas em um mesmo bloco. A escultura evoca a cumplicidade feminina e revela a forma potente das mulheres que compartilham ideias (cabeças) e vivências (corpos). O exercício de imaginação e troca sobre o mundo interior se dá em uma escultura de traços simplificados. A união das duas amigas da peça, que se tornam uma só, se replica na exposição.

LASAR SEGALL: Olhares para o feminino busca a multiplicidade de histórias, cores e corpos, e se satisfaz ao compartilhar o segredo e a força da diversidade e da união.  A mostra cria, ainda, um encontro inspirador entre três instituições com vínculos familiares e coleções de ponta: a Casa Museu Eva Klabin, a Casa Museu Ema Klabin e o Museu Lasar Segall, e é realizada 100 anos após a vinda definitiva de Lasar Segal para o Brasil e após 15 anos sem uma individual do artista no Rio de Janeiro.

A Casa Museu Eva Klabin reúne obras de arte da colecionadora Eva Klabin (1903-1991), em um dos mais importantes acervos do país, com cerca de duas mil peças, entre pinturas, esculturas, mobiliário e objetos decorativos, abrangendo 50 séculos de história da arte, do Egito Antigo ao Impressionismo. A coleção, que está em exposição permanente na casa onde a colecionadora viveu por mais de 30 anos, possui obras importantes como “Madona com menino e São João Batista”, atribuída a Botticelli, “Retrato de Nicolaus Padavinus”, de Tintoretto, “Meninos pescando”, de Giovanni Francesco Romanelli, “Retrato de Mrs. Williams, née Currie, como Santa Cecília”, de Thomas Lawrence, entre outras raridades.

A Casa que abriga o Museu foi construída em 1934, sendo uma das primeiras residências da então recém-urbanizada Lagoa Rodrigo de Freitas e foi aberta ao público em 1995, desde então tem oferecido uma programação cultural variada, que inclui, além das visitas ao acervo, atividades como concertos e shows, oficinas, cursos, conferências e exposições temporárias. As visitas são gratuitas.

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