Kwá yapé turusú yuriri assojaba tupinambá | Essa é a grande volta do manto tupinambá | Casa da Lenha

O Ministério do Turismo, a Secretaria Especial da Cultura e a Funarte levam, entre os meses de outubro e novembro de 2021, para a Casa da Lenha, em Porto Seguro, Bahia, a exposição Kwá yapé turusú yuriri assojaba tupinambá | Essa é a grande volta do manto tupinambá. O trabalho integra o projeto “Os artistas viajantes europeus e o caso dos mantos tupinambás nas cidades do Rio de Janeiro e Porto Seguro”, e parte da história dos mantos tupinambás para refletir sobre as relações entre esse povo, o processo de dominação colonial e sua resistência. A exposição, contemplada com o Prêmio Funarte Artes Visuais 2020/2021, conta com obras de Edimilson de Almeida Pereira, Fernanda Liberti, Glicéria Tupinambá, Gustavo Caboco, Livia Melzi, Rogério Sganzerla e Sophia Pinheiro, e curadoria de Augustin de Tugny, Glicéria Tupinambá, Juliana Caffé e Juliana Gontijo.

Além das obras, entre fotografias, poemas, desenhos, e t rês mantos confeccionados por Glicéria em 2021, a mostra conta com um catálogo que terá distribuição gratuita e um núcleo histórico com imagens e textos que acompanham a história deste objeto sagrado. Uma novidade é que o Nheengatu, língua derivada do tupi antigo, f oi escolhido como idioma principal da exposição. O Nheengatu – palavra que significa “língua boa” – , f oi usado no século XIX, como idioma comum entre várias nações indígenas da região amazônica. Era mais popular que o português no Amazonas e Pará até 1877. Atualmente, essa l íngua franca (utilizada em comunidades que utilizam mais de um idioma), é uma das l ínguas oficiais do município de São Gabriel da Cachoeira (AM). É utilizado ainda para a comunicação entre indígenas e não indígenas; e f oi retomado por grupos que perderam seu idioma nativo.

Objetos sagrados para os Tupinambá, os mantos f oram levados do Brasil no período  colonial pelos europeus e passaram a integrar coleções reais. Atualmente, sabe-se da existência de onze desses i tens cerimoniais, que f oram produzidos entre os séculos XVI e XVII, todos conservados em museus etnográficos europeus. Segundo os curadores, conduzida por sonhos no ano de 2006, Glicéria Tupinambá, da aldeia de Serra do Padeiro (BA), reiniciou a confecção de um novo manto, o que se t ornou o eixo central da exposição. Mesmo que os onze mantos não tenham retornado ao Brasil e sua produção tenha adormecido por longo período, os artefatos nunca deixaram de habitar o mundo dos Encantados – entidades sobrenaturais que guiam o povo Tupinambá – e agora voltam a ser confeccionadas pelas mãos de Glicéria.

 

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