No dia 14 de setembro, abre na 18, a mostra individual “Sopro” da artista Karen de Picciotto. Com dezoito obras de grande estatura e impacto, a mostra propõe uma discussão sobre a existência do vazio dentro de processos artísticos e o que é o resultado do trabalho do artista.
O intrincado conceito, que permeia seu trabalho, pode ser compreendido através de três pilares: o processo, a materialidade e o resultado.
Suas obras são o resultado da sua experimentação com a tinta esmalte, uma tinta não convencional nas artes visuais, que seca de fora para dentro, criando uma espécie de película que gera “bolsas” ou “sacos” de tinta, permitindo que a tinta que não está em contato com o ar continue viva dentro da obra. Ventiladores “sopram” as tintas de cores vibrantes e soltas, escorridas em camadas extremamente finas de potes milimetricamente posicionados, que ao atingirem as obras, intervém na tela/objeto, dando um visual entre o excêntrico, belo e o grotesco.
Através dos sopros, a artista transforma não somente os objetos, uma vez que atrás deles estão imensos painéis que recebem o excedente da tinta, criando um negativo da feitura do processo. Nas obras de Karen, o negativo se torna um impulso interpretativo.
Ao unir esses 3 elementos, é possível trazer à tona o seu resultado conceitual, propondo a discussão da existência do vazio no trabalho artístico. Esse vazio questiona se a verdadeira obra está na tela pintada ou no objeto que recebeu a tinta.
Seus objetos tornam-se obra de arte pelo deslocamento e intervenção da artista, e as telas só funcionam como telas ao se entender que há algo criado sobre elas, resultado e não intenção, uma interpretação de fatores.
A mostra “Sopro” demonstra, seja através da plasticidade, do deslocamento, da técnica, processo ou material, que o trabalho da artista está calcado na simplicidade em demonstrar que a arte depende do olhar que se tem sobre ela. Essa liberdade contemporânea é o que mais atrai nas obras: elas são o que elas são