José Roberto Bassul | Referência Galeria de Arte

Referência Galeria de Arte abre ao público a mostra Toda sombra é um pouco de luz, de José Roberto Bassul, com curadoria de Eder Chiodetto, apresenta duas séries recentes do artista, “Urbe” e “O sol só vem depois”, que têm a cidade como alegoria e pano de fundo para abordar questões da contemporaneidade, como o excesso de consumo e o desencanto. No dia, o curador da mostra realizará uma visita guiada aberta ao público.

Em Toda sombra é um pouco de luz, formada pelas séries fotográficas “Urbe” e “O sol só vem depois” produzidas entre 2020 e 2023, Bassul segue com sua pesquisa sobre a cidade, a presença humana e seus dilemas, como a ocupação dos espaços urbanos, a sociedade do consumo e o abandono e o desencanto. Herdeira de distopias futuristas da literatura e do cinema, como Metrópolis, Fahrenheit 451, Blade Runner ou Matrix, “Urbe” adota a iconografia da paisagem urbana como alegoria do engano e da miragem. A cidade como evidência do colapso de prioridades e excessos em que vivemos. “O sol só vem depois”, por sua vez, toma emprestado o refrão de um rap do Emicida que expõe as dificuldades de quem vive nas periferias e sai para trabalhar ainda de madrugada. Assim como a música, a série aborda circunstâncias em que enfrentamos desencantos sem, no entanto, se desfazer da poesia.

Eder Chiodetto, uma das principais referências na fotografia contemporânea brasileira, ressalta que a mostra se vale dos elementos constituintes do próprio processo fotográfico, a sombra e a luz, para estabelecer nuances simbólicas e metafóricas. “Como um fotógrafo errante, Bassul se lança pelos labirintos de uma cidade improvável, buscando vestígios de uma civilização que parece ter sucumbido”, observa Chiodetto. E continua: “Todo gesto fotográfico aqui visa atravessar o lusco-fusco, desafiar temores e tangenciar névoas cromáticas para, enfim, libertar alguma luz enclausurada nas sombras da urbe”. Na percepção do artista, “a indistinção dos edifícios, a imprecisão escurecida das formas, o vazio de ruas e praças e outros signos de abandono são permeados por certo lirismo, por réstias de luz. Como se as imagens nos lembrassem que ainda há viço e semente naquilo que parece fenecer”, completa o curador.

A entrada é gratuita e livre para todos os públicos.

 

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