Interpele | Sesc Três Rios

O SESC Três Rios, Edital Pulsar e JAC Produções apresentam a exposição “Interpele”, com abertura na quarta-feira, dia 06 de novembro de 2024, às 16 h, com obras inéditas de Bete Esteves. A artista é recém chegada de uma residência artística em Portugal com apoio da Direção Geral das Artes e República Portuguesa, que lhe permitiu reafirmar uma poética que opera um mundo real inesgotável e que tira proveito de espaços lacunares entre aquilo que vemos, o que percebemos e o que imaginamos. Assim foi a sua mais recente exposição “Pássaros Lacunares” na cidade do Porto.

Com curadoria de Bia Petrus, a exposição “Interpele” tem como ponto de partida um processo iniciado em 2022, numa série denominada a raposa e a lebre em que a artista, como raposa astuta, visualiza e captura lebres, neste caso, sacos de lixo que se assemelham a este animal também presente em poéticas artísticas de diferentes criadores. As lebres, que igualmente às sacolas, se reproduzem e proliferam vertiginosamente, estarão presentes na sala expositiva em diferentes meios.

Será apresentada a série de múltiplas fotografias, além de desenhos, esculturas e outras peças que são animadas por dispositivos que produzem movimento. Além disso, uma holografia e um vídeo de oito minutos produzido para esta exposição. Completa a mostra uma estação de experimentação e pesquisa, como denomina a artista, que possibilita processos cirúrgicos de investigação das lebres do gênero “lepus sacculum”.

As ditas lebres escamoteiam resíduos responsáveis por grande parte do impacto e degradação ambiental, sob “pele de lebre”. Resíduos residenciais resultantes da massa populacional da qual fazemos parte, nos grandes centros urbanos. De maneira indireta o projeto “Interpele” toca em nossos padrões sociais e a maneira como consumimos e encaramos a preservação de nosso planeta.

Bia Petrus destaca que Interpelar, verbo transitivo direto, dirige-se a alguém em tom confrontativo, com alguma pergunta ou pedido de explicação. Pode tanto intimar a prestar declarações, esclarecimentos em tribunais, como provocar uma pausa para questionamentos e reflexão. Estar diante de uma obra de arte é também disponibilizar-se a uma mensagem incerta, ou uma dupla mensagem, neste caso ao mesmo tempo mandatória e sensual, com ideia de atingir o aparelho sensório perceptivo de quem a experiência.

O disparador do que se vê, são os registros fotográficos, os flagrantes que Bete, a raposa, conseguiu registrar das aparições de Cândida, a lebre. Artistas muitas vezes contam histórias que têm a capacidade de nos colocar no abismo entre percepção e imaginação, nos desafiando ainda a não optarmos entre uma ou outra. Bete, a raposa, não é ingênua. Algumas articulações que serão acionadas nesta mostra, colocam a máquina a operar, não por Bete Esteves, mas apesar dela. Um processo de agenciamentos, contaminações e operações fabulares, iniciado em 2022, que se fará ver em Interpele e que não cessará.

Compartilhar: