Hélio Oiticica: a dança na minha experiência | MAM Rio

Parangolés são o ponto de partida da individual que ocupará o MAM Rio de dezembro a março. Exposição terá programação paralela curada por Leandro Vieira, carnavalesco da Mangueira, e mostra de filmes pela Cinemateca

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) abrirá a exposição individual Hélio Oiticica: a dança na minha experiência no dia 12 de dezembro de 2020, sábado, às 10h. Correalizada com o Museu de Arte de São Paulo (MASP), a mostra reúne cerca de cem obras do carioca Hélio Oiticica (1937-1980) relacionadas ao ritmo, à música, ao corpo e à dança, sob a curadoria de Adriano Pedrosa e Tomás Toledo, respectivamente diretor artístico e curador-chefe da instituição paulista.

Inspirada pela produção experimental e pioneira dos períodos de investigações geométricas, rítmicas e cromáticas, a exposição tem como ponto de partida os Parangolés (1964 – 1979): as “anti-obras de arte”, como o próprio Oiticica as definia. Um dos trabalhos mais radicais do artista, os Parangolés revelam sua estreita relação com a Estação Primeira de Mangueira e com o samba. E são estas capas, faixas e bandeiras construídas com tecido colorido – que podem exibir sentenças de natureza política ou poética – que conduzem o público a uma retrospectiva da trajetória de HO desde os Metaesquemas (1956-1958) aos Relevos Espaciais (1959-1960), Núcleos (1960-1966), Penetráveis (1961-1980) e Bólides (1963-1979).

Em paralelo à exposição, a Cinemateca do MAM vai apresentar de dezembro a março a mostra “Em torno de Hélio Oiticica”, com nove filmes realizados pelo artista, outros filmes sobre ele e sua obra, e outros ainda sobre assuntos importantes de seu universo cultural. Inclui as primeiras experiências fílmicas de Jack Smith, referência fundamental e frequentador do Loft#4, residência de Hélio Oiticica em Nova York no início dos anos 1970; “Câncer”, de Glauber Rocha, filmado no apartamento de Oiticica no Rio de Janeiro; e registros da presença de Oiticica em eventos artísticos e culturais e em produções de amigos.

A partir de janeiro, em paralelo à mostra, será realizado um programa público com oficinas, ciclo de performances, fórum de debates e um seminário. O carnavalesco Leandro Vieira, da Estação Primeira de Mangueira, é o curador convidado a ocupar o museu durante a exposição e a pensar esta programação, que contará com a participação de integrantes da tradicional escola de samba carioca, em parceria com a equipe de educação do MAM Rio.

Em sua obra, Oiticica abriu a possibilidade de plena participação do público fazendo emergir a figura do participador*, que deve ser estimulado a circular e a vivenciar o espaço expositivo. Considerando a proposição pioneira, a montagem do MAM Rio convida o público a explorar os diversos ângulos das composições rítmicas e vibrantes do artista.

“Aceitamos o convite que o título da mostra nos deu para pensar a expografia. Os espaços do MAM e do MASP são radicalmente diferentes e estamos propondo uma ‘dança‘ entre os  trabalhos e o público“, diz Pablo Lafuente, que divide a direção artística do museu carioca com Keyna Eleison. “Os trajetos da exposição vão fazer o público se movimentar muito. Pensamos em alturas e soluções diferentes para cada trabalho, a ideia é dar uma nova vivência à proposta“, informa Eleison.

A individual vai ocupar o Espaço Monumental e uma segunda sala diretamente ligada à mostra Cosmococa, também montada no MAM Rio, que exibe uma seleção de imagens criadas por Oiticica em 1973, em Nova York, em parceria com o cineasta Neville D’almeida. Completa a exposição um filme de Ivan Cardoso, “Heliorama”.

*Por medidas de segurança sanitária, em virtude da pandemia de Covid-19, as obras não poderão ser usadas pelo público.

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