“Paisagem de um Mundo Partido”
Paisagem de um Mundo Partido, individual da artista plástica argentina Gloria Seddon. Naturalizada brasileira, a artista convidou Alexandre Murucci para fazer a curadoria desta exposição que celebra seus 25 anos de carreira.
Neste trabalho recente, assim como em outros anteriores, a artista parte de conceitos intensos que resultaram nas séries: ”Urbana”, “Erótica”, “Psicanalítica” e “Ecológica”, algumas dessas figurativas, outras, abstratas. Em “Paisagem de um mundo partido”, ela parte da verificação de uma “grieta” sócio política no mundo contemporâneo para criar obras abstratas, mas não alheia ao mundo concreto da realidade Gloria transporta o espectador a um mundo de sensações e percepções palpáveis e de sentimentos de angústia e impotência, mas também de esperança, tornando assim o abstrato, devido à sua força visceral, em quase figurativo.
“Na série apresentada nesta individual trago um questionamento sobre o ‘mundo partido’, algo que esteve sempre presente em mim. Foi o que me incitou a criar obras que, mesmo abstratas, pudessem despertar este sentido no espectador. Sempre procurei uma transcendência, superar questões que na adolescência eram mais subjetivas e existenciais; hoje, através da arte, são mais políticas e sociais, inerentes à cidade”, afirma a artista Gloria Seddon. Os nomes foram surgindo ao mesmo tempo em que surgiam as pinturas, e ‘foram pousando nas telas’ na medida em que o trabalho tomava forma como um todo”.
Gloria utiliza a técnica de tinta acrílica sobre telas de médios e grandes formatos.
“Ao reabrir o embate pictórico de seu percurso para buscar um olhar panorâmico de sua produção dos últimos 25 anos, Gloria Seddon mergulhou numa viagem ao mesmo tempo genômica e emocional. Em sua individual de ampla latitude, a artista revisita fases de sua investigação a partir de um trabalho, que, longe de ser seminal em sua trajetória, foi um ponto de reflexão no conjunto de sua obra. Dividida em núcleos entrelaçados por similar vocabulário, Gloria discorre influências acumuladas ao longo da vida, num mergulho em sua arqueologia de formação, revelando mentores, admirações e nostalgias, que a levaram inclusive, até o trabalho de seu pai, artista por vocação poética da existência, a quem homenageia dando lugar de honra a um dos seus trabalhos, assim como comentando no vídeo que estará presente na exposição, as impactantes vivências familiares. Ao focar uma produção intensa para esta exposição de ares monumentais, Seddon se deparou com seu pluralismo como base de sua assinatura, mas também com sua gênese, clara quando vemos a evolução de seu pensamento plástico, o adensamento de sua pintura, a ampliação de seu vocabulário e a experimentação em seus limites de abordagem – ora mais psicológicos, ora narrativos”, diz Murucci.
“A artista nos alerta, com sua pintura forte e por vezes dramática, que devemos procurar poesia mesmo num mundo em crise”.