O longo e delicado processo de construção de potes imprime na produção artística de Flávia Soares a força e a delicadeza dos braços que moldam o barro. As peças, nascidas da relação entre o seu corpo e a argila, percorrem um ciclo completo de criação que se inicia no preparo da matéria bruta, passando pela construção manual e terminando na queima – entregue ao acaso do fogo –, fazendo surgir o corpo cerâmico.
Na exposição “Corpo/Pote”, Flávia Soares apresenta uma série de 11 potes em cerâmica de grandes dimensões, elaborados a partir de uma técnica similar às das peças utilitárias tradicionais feitas pelas mulheres chamadas de “paneleiras do Vale do Jequitinhonha”, o acordelado. A mostra “Corpo/Pote”, ilustra uma abordagem pessoal da trajetória e da pesquisa artística desenvolvida pela artista e ceramista ao longo de 20 anos, que busca valorizar o ofício e os saberes tradicionais trazendo para a contemporaneidade um olhar refrescado dos aspectos milenares da arte da cerâmica.