O Espaço Cultural Arte Sesc, no Flamengo, Zona Sul do Rio, exibe a exposição Fabulações Matriciais. Com curadoria de Marcelo Campos e Jean Carlos Azuos, a mostra, em cartaz até agosto de 2025, apresenta uma reflexão profunda sobre a madeira como matriz artística e simbólica na cultura brasileira.
Em exibição desde dezembro passado, a mostra reúne esculturas em madeira e xilogravuras que dialogam com a tradição e o contemporâneo. Com obras que integram o acervo do Sesc RJ, a exposição traz ao centro das reflexões o trabalho do artista Mudinho da Rasa, ampliado por uma curadoria que conecta as peças às xilogravuras oriundas das oficinas gráficas da Lira Nordestina, referência histórica na impressão de cordéis em Juazeiro do Norte (CE).
A madeira, elemento-chave da exposição, é apresentada não apenas como suporte físico, mas como símbolo vivo de uma matriz cultural que transcende tempos e espaços. O público é convidado a percorrer narrativas que vão desde o Romance do Pavão Misterioso, ícone do imaginário popular brasileiro, até questões urgentes como conflitos de terra, identidade, gênero e raça. A proposta curatorial é ancorada nas ideias do pesquisador Gilmar de Carvalho, autor do livro Madeira Matriz, e explora como a madeira conecta tradições e reinventa linguagens, preservando uma essência cultural ao mesmo tempo em que abraça a transformação.
A exposição apresenta obras de artistas de destaque como Thiago Modesto, com suas gravuras que revelam novas possibilidades de diálogo com as tradições populares brasileiras, Agatha Maria, propondo metodologias criativas que lançam olhares sobre futuros possíveis, e Valquiria Pires, idealizadora do projeto Xilopretura, que utiliza a xilogravura para homenagear a mulher negra e desconstruir narrativas racistas, conectando sua produção às lutas e à estética da cultura afro-brasileira. Cada um deles imprime, em suas produções, narrativas que abordam memória, identidade e resistência, utilizando a xilogravura como meio de expressão.