O Galpão 556 apresenta a exposição coletiva entretanto se move, em cartaz a partir de 15 de março. A mostra conta com produções recentes, em sua maioria inéditas, de seis mulheres artistas que, através da pintura, investigam questões cromáticas e espaciais em seus trabalhos, transitando entre abstração e figuração, em pequenos e grandes formatos. As artistas Ana Gentil, Céci Pastore, Elisa Bueno, Maria Renata Pinheiro, Nathalie Bohm e Vera Souto produzem a partir de um ímpeto de expressividade visível em obras marcadas pela gestualidade da pincelada, pelas paletas monocromáticas inquietantes, pela escala dos trabalhos ou por paisagens retorcidas e incontidas. A curadoria é de Marina Frúgoli, com assistência de Letícia Castro.
Cada pintura é de autoria individual, mas sua criação não é solitária. O conjunto de obras é fruto da prática coletiva das artistas, que se reúnem semanalmente para pintar no ateliê de Manoel Fernandes. Por meio de referências partilhadas e uma interlocução aproximada, os trabalhos são pontos de contato dessa cumplicidade, ecoando uma criação conjunta, mas que preserva a particularidade de suas poéticas.
O público poderá se deparar com uma variedade de técnicas dentro do campo da pintura, incluindo acrílica, têmpera, guache, nanquim, gesso, gel, bastão e carvão sobre tela. Todas essas ferramentas são utilizadas para as investigações plásticas das artistas, que buscam tensionar aspectos centrais da pintura: a cor, a linha, o gesto e a forma.
A exposição parte de uma frase atribuída ao físico e astrônomo Galileu Galilei que, para se salvar da Inquisição, precisou negar sua própria e correta teoria de que a Terra e os outros planetas se moviam ao redor do Sol. No entanto, no meio de suas negações, Galileu teria murmurado: “entretanto se move”. A brecha que o astrônomo deixa exposta é metáfora para a noção de que a pintura, prática tão antiga, não é estática a um olhar atento. Segundo a curadora, “cada artista, à sua maneira, nos apresenta pinturas que não se revelam por completo à primeira vista. Preferem o enigma à comunicação clara e precisa. Pedem um olhar lento e atencioso, revelando-se aos poucos. Dão espaço para múltiplas leituras e interpretações”.
A mostra entretanto se move é um convite ao olhar para as sutilezas e intensidades de cada obra, conduzindo o público para interstícios e jogos de construção e desconstrução. Os trabalhos das seis artistas não são estáticos: as linhas se dispersam e se condensam, as formas geométricas se estruturam e, logo depois, são acompanhadas por manchas e zonas de cor que se adensam.