Com entrada gratuita, mostra inédita de arte contemporânea, da coleção Andrea e José Olympio Pereira, será realizada no Palácio Anchieta, em Vitória (ES). Com patrocínio do Instituto Cultural Vale, a exposição é a terceira lançada este ano pelo Museu Vale, como parte de suas ações extramuros, e marca os 25 anos de trajetória da instituição.
O Espírito Santo receberá, a exposição inédita De Onde Surgem os Sonhos | Coleção Andrea e José Olympio Pereira. A mostra traz para o público capixaba um recorte da coleção Andrea e José Olympio Pereira, com curadoria de Vanda Klabin apresentando artistas brasileiros consagrados e novos nomes, em uma conversa única sobre nossa arte contemporânea. Realizada pelo Museu Vale, com patrocínio do Instituto Cultural Vale por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a exposição será realizada no Palácio Anchieta, em Vitória (ES). A entrada é gratuita.
De onde surgem os sonhos tem título inspirado na obra de mesmo nome do artista macuxi Jaider Esbell, ativista dos direitos indígenas, falecido em dezembro de 2021. A mostra conta com 72 obras, de 50 artistas, da que é considerada uma das maiores coleções de arte contemporânea do Brasil e está entre as 200 maiores do mundo. Nesta seleção dividida em sete salas, obras de artistas como Adriana Varejão, Cildo Meirelles, Ana Maria Maiolino, Cláudia Andujar, Franz Krajcberg, Waltercio Caldas e José Damasceno, por exemplo, dialogam com os trabalhos dos artistas mais recentes.
“Em De onde surgem os sonhos somos convidados a refletir sobre nossas origens e pensar em novas possibilidades de futuro, tendo como pano de fundo a natureza e a brasilidade. Ao entrar em contato com este recorte especial da coleção de Andrea e José Olympio Pereira, o público capixaba também tem a oportunidade de viver aquilo que consideramos mais valioso: aprender e transformar vidas por meio da cultura”, diz Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale.
Exposição convida à reflexão sobre arte e ancestralidade brasileiras
De onde surgem os sonhos exibe uma nova estética da diversidade brasileira e suas inúmeras singularidades. A curadoria desenvolveu uma mostra fluida e aberta à percepção do público, que articula diferentes modos de ver e compreender a arte indígena, dos povos ancestrais, dos afrodescendentes e da arte popular. Desta forma, é possível refletir sobre o significado daquilo que consideramos arte brasileira, ampliando horizontes, e ter uma percepção renovada sobre o papel de toda a produção artística antes considerada periférica.
“As rotas estéticas que nortearam esse recorte da coleção de Andrea e José Olympio Pereira têm seu território germinal na arte contemporânea brasileira e se misturam com a própria história recente da nossa cultura visual”, declara a curadora Vanda Klabin. “A maioria dos nossos principais artistas, de diferentes origens e percursos e com experiências artísticas variadas, estão representados nesse acervo de indiscutível relevância”, comemora.
Um exemplo é a presença do Movimento dos Artistas Huni Kuin – MAHKU, representado por duas obras de Acelino Sales Tuin: Nahene Wakame (2022) e Txain Punke Ruaken (2021). O coletivo de pesquisadores e artistas Huni Kuin, povo indígena que vive entre o Acre e o Peru, tem suas origens ligadas às pesquisas de Ibã Sales e de seus três filhos: Acelino, Bane e Maná, em torno dos hunimeka, cantos da ayahuasca na língua hãtxkuin. Esses artistas transformam e criam pontes em direção aos não indígenas por meio de murais e desenhos – ao mesmo tempo em que constroem alianças e fortalecem suas próprias estratégias de autonomia.
Sobre a coleção Andrea e José Olympio Pereira
Famosa no mundo inteiro, a coleção de Andrea e José Olympio Pereira tem foco na produção brasileira a partir dos anos 1940 até o momento atual e reúne algo em torno de 2,5 mil obras. Em 2018, o casal inaugurou o Galpão da Lapa, antigo armazém de café do século XIX, e o converteu em um espaço expositivo que recebe, a cada dois anos, um curador diferente para criar novas exposições a partir das obras de sua coleção. “Quando nos interessamos por um artista, gostamos de ter profundidade”, explica Andrea. “Conseguimos entender melhor o artista desta forma, pois um único trabalho não mostra tudo. É como se fosse um livro cuja história seria impossível de ser compreendida só com uma página”, compara.