BONIKTA | INSTITUTO LING

Criada pelo multiartista paraense Caio Aguiar, vulgo Bonikta, na parede de entrada do Instituto Ling, a obra Quintal da Rua de Casa utiliza diferentes recursos, materiais e linguagens, como fotografia, colagem, pintura, grafite e desenho, convidando o público a se transportar para a região amazônica. O trabalho repercute parte da infância do artista em Ourém, no Pará, onde cresceu banhando-se em pequenos rios chamados de igarapés, e apresenta ainda um contraste com a capital Belém, para onde ele se mudou na adolescência para cursar a faculdade de Artes, refletindo sobre as diferenças entre o interior e a grande cidade.

Além da natureza amazônica, o mural traz as máscaras que costumam aparecer nos trabalhos de Caio e as Boniktas, personagens com as quais ele costuma se manifestar. “Entendemos que embaixo desses igarapés moram entidades, encantarias. Nenhum ser amazônico entra nos igarapés sem pedir licença, e o Caio está falando disso”, observa Vânia Leal, curadora do projeto Ling Apresenta: Amazônias, no tremor das vidas, do qual a obra de Aguiar faz parte.

A obra costura diferentes paisagens trazidas em registros fotográficos, criadas digitalmente e depois coladas em forma de lambe-lambe na parede do Instituto Ling. Posteriormente, durante os dias em que esteve no centro cultural, o artista criou uma série de intervenções sobre a fotocolagem, utilizando canetas Posca. “As intervenções são um processo livre, que vêm dessa alma, do erê, da criança, da brincadeira. Dentro dessa obra também aparecem as máscaras, que costumo fazer de papelão, remetendo à brincadeira do boi bumbá”, explica Caio.

Após finalizar as intervenções, o artista ainda desenhou uma moldura no entorno do mural. “É como uma proteção. Trago duas sereias ao redor da imagem, que são esses seres com ligação com as águas, além de uma multidão de Boniktas brabas que estão ali para mostrar algo como ‘é bonito, mas tenha cuidado em como você vai olhar para esse trabalho’”, destaca Aguiar.

O processo de criação foi registrado em um minidocumentário, assinado pela produtora EROICA_Conteúdo. O curta está disponível no canal do YouTube do Instituto Ling.

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