Bienal do Sertão | Ceará

“Educar a paisagem” é o título da VI Bienal do Sertão de Artes Visuais, concretizando a Bienal do Sertão como um evento central no calendário das artes no país, onde atualiza o momento histórico e nos convoca e identifica para pensarmos juntos as reavaliações no planeta, seja no campo educativo, histórico/ancestral e ou colaborativo com re-adequamentos e memorabília contemporânea dos principais artistas visuais, curadores e pesquisadores de diversas nações, sendo a arte o veículo nato das interlocuções e intercâmbios providos desta.

Nesta exposição, a paisagem não é um objeto de um sujeito que a contempla. As obras aqui reunidas realizam uma virada ontológica em que a paisagem se torna sujeita de conhecimento, viva e agente de desejo. Educar a paisagem é compreender que ela é uma escola, isto é, um espaço de saberes ancestrais que nos ensina modos coletivos de conviver junto para além das formas organizadas das sociedades humanas.

Historicamente, a paisagem foi concebida como um objeto de propriedade da espécie humana que a explora e a transmuta em mercadorias de consumo. A paisagem enquanto um campo de disputa foi transformada por interesses econômicos, provocando mudanças climáticas e crimes ambientais. Por isso, é chegada a hora de reivindicar os direitos não humanos da paisagem!

A exposição nos lembra que a paisagem não é apenas a dita “natural”, mas que a paisagem é também urbana, rural, marítima e sertaneja. As obras nos convidam a olhar a paisagem dos corpos em trânsito e as diversas experiências de gênero, raça, sexualidade e classe em paisagens sociais, afetivas, invisíveis e imaginárias.

Adentram também questões da terra e geopolíticas. As monoculturas são o reflexo do nosso sistema digestivo industrializado e ultraprocessado. O desmatamento da natureza está diretamente ligada ao nosso modo de vida capitalista e consumista que é insustentável para a vida terrestre. A espécie humana se autodetermina como superior, colonizando uma diversidade de vidas animais, vegetais e minerais a partir de um extrativismo que vê a paisagem como um objeto de exploração de recursos.

A Bienal do Sertão nasce de um desejo, de impossibilidades do querer, ao colocar a paisagem como força motriz desta edição, se pensa como tudo aquilo que a vista alcança, e ainda todas as outras diversas materialidades que são tangenciadas pelos cinco sentidos. Expandindo, a paisagem é o subjetivo, o sentir, é “o estado da alma” como nos diz Fernando Pessoa. Portanto, esta exposição é atravessada pelo dizível, por sutilezas, mas também brabezas, pelo querer de transformar e desmanchar as impossibilidades, é o “educar a paisagem”. 

Nesse sentido, criar outras perspectivas e modos de ver a paisagem também transforma o nosso modo de vida. Por isso, as obras que criam outras percepções da paisagem são também obras que ensaiam outros modos de vida coletivo em respeito e convivência com as infinitas espécies da Natureza, afinal, somos uma paisagem interespécie.

ARTISTAS

Núcleo Contemporâneo: CCBNB – Cariri. Juazeiro do Norte.

Anna Menezes
Anna Moraes
Ateliê Vivo
Diego Dionísio
Felipe Ferreira
Guilherme Borsatto
Helô Bahia
Igor Oliveira
Jane Batista
JeisiEkê de Lundu
KAÔ
Larissa Rachel Gomes Silva
Larissa Batalha
Leandro Nerefuh
Lucas Alves
Marcenaria Olinda
Marcos Martins
Sérgio Adriano
Messias Souza
Milena Ferreira
Nen Cardin
Nita Monteiro
Rafael Amorim
Rafael de Almeida
Rafael Vilarouca
Rao Godinho
Robson Xavier
Thiago Modesto
Vika Teixeira
Yasmin Formiga

​Representaçoes internacionais:

Alemanha: Christine Schon
Argentina: Ana Rey
Rússia: Oksana Rudko
Holanda: Neyde Lantyer
Itália: Benna Gaean Maris
Japão: Tetsuya Maruyama
México: Biophillick
Paraguai: Lilian Camelli

CURADORES

Denilson C. Santana, Matteo Bergamini, Lucas Dilacerda, Renata Lima.

LOCAIS

Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri

São Pedro, 337 – Centro, Juazeiro do Norte – CE, 63010-010

de terça até sábado, 13h.00 às 19h.00

 

Museu de Paleontologia da URCA

Plácido Cidade Nuvens, 326 – Santana do Cariri, CE, 63190-000

de segunda à sexta, 08h.00 às 12h.00 / 13h.00 às 17:00

 

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