Beto Fame | Ateliê 31

O artista Beto Fame inaugura, a partir do dia 10 de novembro (sexta-feira), das 16 às 20h, a exposição solo “Breve Desarmonia”, no Ateliê 31, centro do Rio de Janeiro, com curadoria de Shannon Botelho.

“Breve Desarmonia” apresenta cerca de 13 obras compostas por pinturas em acrílica sobre tela e colagens sobre papel. “Na contracorrente da busca por uma suposta harmonia, Beto Fame estabelece em sua mais recente série de trabalhos uma investigação sobre o tempo e forma, num contexto que se ancora nas vivências urbanas”, afirma o curador.

Em sua pesquisa, Beto aborda a cidade como um organismo vivo que se revela de diferentes maneiras através de diversos pontos de vista e elementos. Suas pinturas se estruturam a partir de uma lógica da colagem, construindo novos enfoques para paisagens que culminam em composições precisas e, ao mesmo tempo, despretensiosas.

TRAJETÓRIA E REFERÊNCIAS

Foi nas andanças pela zona norte da cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente pelo bairro da Tijuca, onde nasceu e cresceu, que Beto aguçou seu olhar crítico sobre o espaço urbano e suas características, transpondo imediatamente seus pensamentos para sua arte e fundindo os dois mundos. A sua formação em arquitetura – e passagem pela Escola de Belas Artes –, pode ser entendido como lugar de assimilação teórica da cidade e sistematização do pensamento das ruas. “Meu papel tem sido documentar o que vejo em meu dia a dia, como um diário visual. Tenho interesse na vida e na arquitetura ordinária, sem muitas pretensões, sendo sempre atraído pelo caos e movimento da cidade”, diz Beto Fame.

No texto curatorial da exposição, Shannon Botelho destaca as referências intrínsecas no trabalho de Beto: “Em uma dimensão verificamos a fatura do gesto de Lúcia Laguna, ou, ainda que compondo o conjunto de fundo, o apelo moderno que tempera a forma e cor, fazendo com que vejamos os fantasmas de Guignard, Portinari e o traçado elegantemente preciso de arquitetos modernistas como Jorge Moreira”.

Beto Fame reúne elementos da arquitetura popular, da vida cotidiana, da paisagem tropical e da cultura brasileira em seus trabalhos.

 

PINTURAS E COLAGENS

Nas pinturas, a paleta de cores surge durante o processo de composição dos trabalhos, sem precisão. O artista, que migrou do muralismo das ruas para a pintura em telas, utiliza no ateliê a prática de não misturar as cores, seguindo a premissa da tinta em spray, que impossibilita essa mistura. “Deixo que as cores surjam no trabalho, de formas pontuais e seguindo a desordem da evolução da paisagem urbana, da arquitetura e da vegetação”, afirma Fame.

 

Já as colagens, surgem como metodologia para a construção. São sobreposições de papeis, fotos, embalagens, coletados pelas suas andanças pela cidade, que criam camadas e texturas aglomeradas, conectadas com a construção constante das urbes.

 

“Esta exposição trata do encontro do agora com um passado incontornável que se presentifica a todo instante no cotidiano do artista, desde seu trajeto até o seu lugar de trabalho – um prédio intensamente marcado pelos valores modernos. Aqui não há simetrias e padrões para admirar, como uma cidade em constante transformação, as obras de Beto Fame aguçam o nosso olhar, fazem com que percebam as desarmonias do cotidiano como partes significativas da própria vida”, ressalta Shannon.

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