A artista visual Bárbara Savannah criou um mural inédito na parede de entrada do Instituto Ling, em Porto Alegre. Natural da Ilha do Marajó, ela traz referências do seu cotidiano na obra que apresenta uma paisagem imaginada, com camadas sobrepostas de água, da vegetação da floresta amazônica e da luz característica do Norte do Brasil, imbuída com a identidade da pintora, que cresceu em uma casa de frente para o rio.
O material que serviu de base para a intervenção artística foi o Xadrez verde, corante com baixo custo muito utilizado na região amazônica pelos ribeirinhos, construtores de barco e pintores locais. O item foi usado pela artista como forma de homenagear e de reforçar o comprometimento estético com o seu lugar de origem. “A combinação do Xadrez verde com a tinta branca destaca-se na vida cotidiana amazônica. Essa mistura não apenas evoca memórias e pertencimento cultural, mas representa meu primeiro contato com as cores e a mistura de tintas no mundo da arte”, explica Bárbara.
A intervenção artística levou cinco dias para ser executada e pode ser acompanhada em tempo real por quem visitou o Instituto Ling durante o mês de abril. A produção foi registrada em um documentário assinado pela produtora Eroica Conteúdo, com imagens de Marcelo Freire e direção audiovisual de Caio Amon. O filme está disponível no canal do YouTube do Instituto Ling.
A criação faz parte da terceira temporada do Ling Apresenta, projeto que convida artistas de diferentes regiões do Brasil a realizarem intervenções inéditas e que, neste ano, ainda receberá outros três jovens talentos do Norte do país selecionados pela curadora Vânia Leal, com o intuito de aproximar o Rio Grande do Sul da cultura amazônica. Para os próximos meses, estão confirmadas as participações da artista indígena Sãnipã, do Amazonas, além de Bonikta e Éder Oliveira, ambos do Pará.