O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta a exposição “Atensão”, remontagem da histórica mostra realizada em 1976 com oito obras de Carlos Zilio (Rio de Janeiro, 1944), um dos mais importantes artistas da cena contemporânea brasileira. Com coordenação geral de Vanda Klabin e coordenação de montagem Jaime Vilaseca, a exposição irá ocupar exatamente o mesmo local da montagem original, no terceiro andar do Museu. À época, “Atensão”, a primeira individual de Carlos Zilio em uma instituição, integrou o programa Área Experimental do MAM, que existiu entre 1975 e 1978, e realizou um total de 38 exposições. Artista com reconhecimento no circuito nacional e internacional, Carlos Zilio teve sua pintura “Cerco e Morte” (1974) adquirida há dois anos pelo MoMA de Nova York. A obra integrou a exposição realizada pelo museu norte-americano “Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980”, de setembro de 2015 a janeiro de 2016.
A instalação “Atensão” é formada por materiais de construção, como madeira, tijolos e pedras, articulados em equilíbrio precário e com o som incessante de um metrônomo, e remete o espectador a uma relação com a tensão. “Deste modo, o aspecto austero e geométrico do conjunto, gera uma situação na qual a questão estética está diretamente vinculada a experiência e a vida”, observa Vanda Klabin. Carlos Zilio afirma que remontar a exposição “possibilita recriar uma fase da minha produção e, simultaneamente, situar a inserção e pertinência deste trabalho hoje”.
O conjunto de oito obras, pertencente à Coleção MAM Rio de Janeiro, está sendo reconstituído para a exposição por Jaime Vilaseca, que participou da montagem original e de outras três que incluíram esses trabalhos: “Arte e política”, no Museu de Arte Moderna do Rio, que depois itinerou para o MAM São Paulo e MAM Bahia, em 1996 e 1997, com curadoria de Vanda Klabin. Na ocasião, Vilaseca também coordenou o restauro desses trabalhos. Vanda Klabin chama atenção para o fato de que a mostra individual de Carlos Zilio “tem caráter retrospecto, exibida agora após 40 anos, e foca uma produção estética investida de um alto teor político, uma arte engajada e com intensos posicionamentos críticos”.
O texto escrito pelo artista para o folder da mostra em 1976 estará na parede da entrada do espaço. Nele, Carlos Zilio destaca que “a leitura da exposição deve partir do princípio de que o seu objetivo está presente nos mínimos detalhes. As partes existem em função do todo; isoladamente, ficam sem sentido”. “A matéria é importante. Tábuas, tijolos, cabos de aço, pedras. Materiais de construção, prestes a desabar. (…) A direção do projeto é dar margem à formação de uma ampla articulação de conceitos que envolve o campo psicológico e o social; os significados objetivos e subjetivos interligados: um som (o seu ritmo), a pedra por um fio (a quase ruptura)”, destacou à época o artista. No final, ele avisa que “a linguagem está imersa na minha fantasmática, mas é preciso situar o projeto historicamente. O meu e o nosso tempo. O meu e o nosso universo. Tempo de tensões, pressões e (des)equilíbrios”.
CONTEXTO POLÍTICO-CULTURAL DA ÉPOCA
No próximo dia 08 de dezembro, às 16h, haverá uma conversa aberta ao público sobre o contexto político da época, com o artista, os curadores do MAM, Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, e ainda o crítico Ronaldo Brito, que em 1976 integrou a Comissão Cultural do Museu, responsável pela Área Experimental.
Carlos Zilio | MAM Rio
- Rio de Janeiro
- 03/12/16 à 02/04/17
- Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira das 12:00h às 18:00h
Abertura dia 3/12 as 15h. Sábado, domingo e feriado, das 11h às 18h. - Av. Infante Dom Henrique, 85 Parque do Flamengo – Rio de Janeiro – RJ 20021-140
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