Arthur Chaves | Sesc Barra Mansa

O Sesc Barra Mansa tem o prazer de anunciar a inauguração da exposição Arthur Chaves – Convivência com as coisas, que acontece de 8 de novembro de 2025 a 15 de fevereiro de 2026. A mostra inédita mergulha no universo do artista, reunindo obras em que a costura e o tecido deixam de ser apenas materiais de uso cotidiano para se tornarem linguagem artística. Ao transformar roupas, panos e sobras em trabalhos que transitam entre pintura, escultura e desenho, Chaves cria peças que guardam memória e, ao mesmo tempo, abrem espaço para novas invenções. A exposição tem realização da Atelier Produtora e do Instituto Atelier Cultura, com texto curatorial de Priscyla Gomes, e foi contemplada pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar 2025.

Desde a infância, quando observava sua mãe costureira trabalhar no quartinho de casa, Arthur Chaves desenvolveu uma relação íntima e afetiva com o universo têxtil. Esse convívio cotidiano transformou-se, ao longo do tempo, em vocabulário poético: linhas, costuras e sobras de tecidos que, em suas mãos, se convertem em corpos instáveis, pinturas expandidas e estandartes. A mostra reúne obras produzidas nos últimos anos em que o artista trabalha com tecidos herdados, roupas usadas, plásticos e resíduos industriais, materiais impregnados de histórias e marcas de vida. Ao acolher manchas, desgastes e sinais de uso, Chaves não apaga sua memória, mas a expõe como parte da própria obra, construindo peças que habitam a tênue fronteira entre o doméstico e o coletivo, entre o visível e o invisível, entre o que se apresenta como concluído e o que permanece em aberto, em processo.

Convivência com as coisas propõe ao público uma experiência imersiva em um universo sensível e tátil, no qual a costura assume o papel de pensamento visível. As peças convidam a uma aproximação paciente, é preciso observar cada ponto, dobra ou avesso para perceber como o gesto de costurar ultrapassa a materialidade do tecido e se converte em reflexão. Mais do que objetos, as obras são mapas afetivos que falam de memória, cuidado e ancestralidade, mas também de urgências contemporâneas ligadas ao reaproveitamento, à sustentabilidade e à transformação constante. Assim, a exposição oferece ao visitante não apenas o contato com um conjunto inédito de trabalhos, mas uma oportunidade de pensar a costura como gesto poético e político, capaz de ressignificar aquilo que, muitas vezes, parecia destinado ao esquecimento.

Nesse sentido, a leitura curatorial ressalta o modo como o gesto do artista ultrapassa a prática cotidiana da costura para se afirmar como linguagem artística. Para a curadora Priscyla Gomes, suas obras revelam um pensamento encarnado na linha, na dobra e no avesso, em diálogo constante com memória e tempo. Ela observa que Arthur Chaves costura como quem desenha, como quem perfura o tecido da memória para que dele surjam imagens encarnadas. A linha, para ele, não é apenas fio de união: é também risco, cicatriz, vestígio de uma ferida que se oferece como pensamento visível. Em suas mãos, a máquina de costura torna-se instrumento de desenho — cada ponto se converte em traço, cada bainha em gesto que dobra o tempo, cada pence em curva que ajusta e reinscreve corpos no tecido. A reflexão destaca como o seu trabalho, ao mesmo tempo íntimo e expansivo, oferece ao público a possibilidade de experimentar a costura não apenas como técnica, mas como pensamento visual e experiência estética que abre novas formas de ver e sentir.

Além da exposição, o projeto conta ainda com uma programação especial que aproxima o público da obra. Na inauguração, será realizada uma visita guiada com o próprio artista, proporcionando uma oportunidade única de contato direto com seu processo criativo e com as histórias por trás das obras. A mostra também terá a publicação de um catálogo gratuito, que registra e amplia o acesso ao conjunto apresentado, permitindo que a experiência se estenda para além do espaço expositivo. Para garantir que diferentes públicos possam usufruir plenamente da proposta, serão disponibilizados recursos de acessibilidade, como audiodescrição das obras acessíveis via QR Code. Dessa forma, o Sesc reafirma seu compromisso com a democratização da arte e a inclusão, oferecendo uma experiência cultural gratuita, plural e acolhedora, que dialoga com toda a comunidade de Barra Mansa e região.

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